Outubro vermelho

É, meu Nobre, Leão! Quanto tempo. Remeto-lhe essas linhas tortas para lhe celebrar e suplicar como Soraya: “Reforcem minha segurança que agora eu vou falar”. O dono da lancha é o cabeça branca e o governador repórter sabia de tudo.

Até o champanhe quem bancava era o cabeça branca, tudo comprado na loja de vinhos, meu senhor, onde também se comprava respiradores (carbernet sauvignon).

Pelas bandas da república, também compraram 107 imóveis, metade com dinheiro vivo por fora seu Coaf, frutos de rachadinhas, trambiques milicianos não republicanos e mutretas com o dinheiro público, nenhum era triplex. Como é mesmo que se chamas isso? É CORRUPÇÃO?

Mas, com a nossa indignação seletiva não é permitido lembrar e, até porque, o noticiário dantesco da grande mídia corporativa só noticia aquilo que lhe convém, comeu abiu. Tudo para garantir a renovação de suas concessões. Com isso, sob a coordenação do plim-plim, se morde, assopra e passa pano. Um verdadeiro show de horrores, com a cumplicidade da hipocrisia.

Foi assim que vimos em 2018, meu caro Nobre. O povo brasileiro foi tomar um drink com as elites, depois das grandes manifestações contra centavos e pedaladas fiscais, colecionaram tampinhas de pepsi e fanta uva. Tomaram também água no pinico da última chuva naquele verão e hoje nosso inverno continua com trovoadas, chuvas intermináveis, desemprego, fome, miséria, inflação e muito ódio no coração, mas na cintura, um trinta e oitão.

Esse drink estava batizado, era “boa noite cinderela”. Mas, finalmente vamos acordar nos próximos dias, no outubro vermelho.

Falando nisso, outro dia despertei com o barulho do carro do ovo passando na minha rua, mas quando abri a janela, não era o carro do ovo. Era um outro carro nos provocando e insultando, talvez nos chamando à luta para acordar desse “boa noite cinderela”, passando um verdadeiro papo reto. O som do carro dizia: “PAMONHAS, PAMONHAS, PAMONHAS”. Não comprei, mas acusei o golpe, foi um verdadeiro cruzado de direita, fui nocauteado naquela manhã.

No Brasil atual professor, além de se chamar técnico de futebol de professor, tudo continua um fire no airfryer. Transformaram fé em fezes, trocaram a ciência política de Maquiavel pelo sanitarismo de Osvaldo Cruz e a Teologia da Libertação do Boff, pelo cristianismo armado.

É um banco de sangue encomendado e encadernado made in Brazil. As veias abertas dessa América Latina seguem expostas, Galeano tinha razão.

Nossa democracia cidadã, derrete a cada dia tudo coordenado pela mesma raiz psicológica que chamou Hitler de Führer e Mussolini de Duce. Aqui, ganhou forma e conteúdo tosco, bizarro e surreal, mas com a mesma crueldade, atendendo e respondendo pelo nome imbrochável de “Mito”.

Na real, o Brasil só vai melhorar quando os clubes de tiros virarem bibliotecas e as igrejas voltarem a ser teatro e cinema. Apesar do crazy total, da tarja preta, do rivotril de litro e meio em garrafa de pet, sou a favor do porte de livros, pois a melhor arma para salvar o cidadão é a educação.

Precisamos reciclar o lixo inorgânico, executivo, legislativo e judiciário e contribuir para salvar o planeta. Então, precisamos falar para os miseráveis e para essas pessoas de almas bem pequenas, aquelas que não mudam quando é lua cheia, seu Cazuza. São verdadeiros insetos em volta da lâmpada. Vamos pedir piedade.

Eu que não sou da geração nutella com tiktok, meu caro professor, e nem tenho déficit de civilidade, fui batizado ecumenicamente pelo frei Fulgêncio nas águas da ponte da Bolívia e registrado no cartório do tabelião Hiel no largo de São Sebastião, continuo seguindo o líder, estou no aguardo do “outubro vermelho”, vou ALULAR o meu voto. Só assim chegaremos na primavera com as devidas podas e esquecemos no lixo da história esse inverno dos tempos de cólera.

Já que não sou bestinha nem nada, vou aproveitar o benefício dessa delação e curtir meu prêmio tomando um porre de cicuta, harmonizado com comentários inteligentes do sommelier caxiri (do quiosque de respiradores).

E, passar um papo reto de Dante Alighieri; “no inferno os lugares mais quentes, serão reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”. Voto útil já!

Em modo de espera com o decreto prometido que extinguirá o sigilo de 100 anos nos atos do governo no dia primeiro de janeiro, onde finalmente também saberemos quem mandou matar a Marielle.

ACABOU SONARO

*Apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco