Mitos da luta caem um atrás do outro. Por que isso acontece?

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Paulo Ricardo Oliveira, especial para o blog
O universo da brutalidade assiste atônito à queda de uma bela safra de campeões do UFC, o maior evento e, portanto, a referência do gênero MMA. O último a cair foi o nosso glorioso José Aldo, o maior nome do esporte amazonense com projeção mundial nos últimos dez anos. Aldo caiu feito Madeira de Lei aos 13 segundos de luta ao receber um cruzado de esquerda certeiro no queixo do irlandês Conor Mcgregor. Era o último de uma turma de dominadores no recorte de oito lados do MMA, que teve o ex-campeão e praticamente aposentado Anderson Silva capitaneando a onda duradoura de ostentação de campeões em suas respectivas categorias. Ronda Rousey, a menina dos olhos de Dana White, o careca executivo do Ultimate, também perdeu sua cinta na categoria peso galo (até 61 quilos). Outro campeão, Jon Jones, dos meio-pesados (até 93 quilos) não perdeu, mas teve seu título tirado pelo patrão Dana por ter se envolvido num acidente de carro que misturou álcool, drogas e alta velocidade e acabou ferindo uma mulher grávida. Jones, porém, continua sendo o campeão de fato, mas não de direito.

Mas qual a explicação mais plausível para o fim de uma bela safra de palejadores do show da porradaria?
Vários aspectos devem ser considerados nesse strike dos ex-campeões. O fator idade combinado com a queda da resistência física e o aumento da possibilidade de lesões talvez seja o mais importante. Nesse particular, Anderson Silva pode ter sido vítima da própria insistência de continuar pelejando, mesmo beirando os 40 anos. Gerges St-Pierre visualizou suas limitações e tirou o time de campo, pois vinha de sucessivas contusões. O lado humano e a questão psicológica do atleta também influenciam – e muito – dentro do octógono. Ronda Rousey entrou para briga diante de Holly Holm com feições de “já ganhou”, além de ter dado maior importância à agenda de superestar que a de atleta. José Aldo permitiu que Macgregor lhe invadisse o espírito e entrou com “muita sede ao pote” na justificativa do técnico dele, André Pederneiras.
Estamos diante de uma nova onda no que se convencionou chamar de MMA. Estudos dizem que o auge do lutador paira entre 28 e 33 anos. Sendo assim, muitos caíram justamente no auge. Ou valeria aquela máxima que diz que quem ganha a luta não é o melhor lutador, mas quem lutou melhor? Observemos os novos rumos do show da pancadaria.
Os que caíram

Anderson Silva, 40, categoria dos médios (até 84 quilos), ganhou o cinturão dia 14 de outubro de 2006 com nocaute avassalador sobre Rich Franklin. O Aranha teve o domínio absoluto dos médios durante sete anos até ser derrotado por Chris Weidman dia 6 de julho de 2013. É tido com o mais espetacular da história do UFC.

 
Cain Velásquez, 33, peso pesado, recuperou o cinturão da categoria no dia 29 de dezembro de 2012, quando venceu o mesmo Junior Cigano que o havia nocauteado um ano antes e tirado o cinturaõ dos seus ombros. Velasquez reinou por quase três anos até ser finalizado (guilhotina) por Fabrício Werdum dia 14 de junho de 2015.
 
Honda Rousey, 28 anos, categoria peso-galo (até 61 quilos), ganhou o cinturão desde 3 de março de 2012, quando era atleta do Strikeforce, mas a organização foi comprada pela Zuffa, dona do UFC, e Ronda passou e ser campeã do Ultimate. Perdeu o título para Holly Holm no dia 14 de novembro deste ano no UFC 193, em Melbourne, na Austrália. Dominou três anos a categoria.
 
Jon Jones, 28 anos, categoria meio-pesado (até 93 quilos) tornou-se campeão no dia 3 de janeiro de 2011 até hoje. Em 28 de abril de 2015, Jones foi retirado do UFC 187 e foi destituído de seu cinturão, depois de provocar um acidente de trânsito e de fugir do local sem socorrer uma das vítimas, que estava grávida e acabou quebrando o braço. Jones é o campeão de fato, mas não de direito e foi considerado o melhor peso-por-peso do UFC.
 
José Aldo, 29, peso pena (até 66 quilos), faturou a cinta da categoria no WEC dia 18 de novembro de 2009 com nocaute sobre Mike Brown. O WEC também foi comprado pela Zuffa, e, desde então, o amazonense foi considerado campeão do UFC. Defendeu e assegurou o título dos penas por nove vezes até ser apagado pelo irlandês Conor Mcgregor em 13 segundos de combate. Dominou a categoria por seis anos.
Georges St-Pierre, 34, categoria meio-médio (até 77 quilos) previu o próprio ocaso e tratou de sair de cena. Foi o único que não precisou perder o cinturão para ter o reinado finalizado. Mas alguns dizem que ele perdeu contra Johny Hendricks dia 16 de novembro de 2013, quando saiu com o rosto bastante avariado, mas, ainda assim, foi dado como vencedor por decisão dividida. Um Mês depois St-Pierre disse que iria dar um tempo e abriu mão do título. O canadense reinou de 2007 até 2013 como campeão dos meio-médios.
* Praticante de luta, o jornalista Paulo Ricardo Oliveira convive com o mundo do MMA há pelo menos uma década.

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