Prisão do prefeito mais votado do interior acende a luz amarela de outros que andam abusando do erário

A operação “Coleta de Luxo”, que descobriu uma série de irregularidades na administração do prefeito de Urucurituba, José Claudenor de Castro Pontes, o Sabugo (PT) e levou à prisão ele e seus principais secretários, logo nas primeiras horas da manhã de hoje, acende a luz amarela em várias Prefeituras e joga luzes de vez sobre um serviço que, nos últimos tempos, vem rendendo tanto dinheiro quanto polêmicas: a coleta de lixo. No caso em tela, havia uma empresa contratada, mas a maior parte do serviço era executada por veículos e pessoal do município. Neste momento ocorre o mesmo em cidades como Itacoatiara, por exemplo.

A Polícia Civil, por ordem da Justiça e a pedido do Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Amazonas, prendeu “Sabugo”, seu irmão José Júlio de Castro Pontes, representante do município em Manaus, e a secretária de Finanças, Eliana da Cunha Melo. Existe ainda um mandato de prisão em aberto, contra o marido desta última, que está sendo procurado pelos policiais. Foram cumpridos, ainda, diversos mandados de busca e apreensão domiciliar e pessoal, tendo por alvo pessoas físicas e jurídicas.
“Sabugo” foi o prefeito mais votado proporcionalmente no Estado, nas eleições de outubro passado. Teve nada menos que 80,3% dos votos. Nos bastidores, construía uma candidatura a deputado estadual e não descartava ainda disputar no futuro a Prefeitura de Itacoatiara, sua cidade natal.
O GAECO afirma ter levantado dados concretos e evidências da atuação de organização criminosa no seio da administração pública de Urucurituba. Foi detectado o direcionamento de licitações e lavagem de dinheiro, com a presença marcante de agentes públicos intimamente ligados às empresas vencedoras de certames licitatórios e crescente incompatibilidade patrimonial com os respectivos ganhos dos envolvidos.
No caso da coleta de lixo, os investigadores detectaram que a empresa contratada recebia o valor praticamente limpo, sem despesas, uma vez que o serviço era executado pela própria Prefeitura, com seus funcionários e veículos.
A Polícia Federal acompanhou a operação, porque há indícios da utilização de recursos federais nas fraudes cometidas em Urucurituba.
“Sabugo” foi preso no condomínio em que reside, em Manaus, enquanto seus auxiliares foram presos em Urucurituba. A secretária de Finanças era dona do posto de gasolina que fornecia combustível para a Prefeitura. Sua empresa chegou a faturar mais de R$ 3 milhões em 2018 e mais de R$ 1 milhão nos últimos dois anos. Em 2019 o marido dela passou a ser o proprietário da firma, que continuou prestando serviços ao erário.
Alerta
A operação assustou vários prefeitos no interior. Há muito tempo que se fala de operações semelhantes, especialmente no que diz respeito à coleta de lixo. Há diversas denúncias encaminhadas ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado, que criou um grupo para investigar as situação que chegaram ao órgão.

Leia mais:

 

Qual Sua Opinião? Comente:

Deixe uma resposta