Por Ronaldo Amazonas*
Cumprindo a inexorável determinação biológica do curso da vida, deixamos de ter no mesmo dia 14 passado, a companhia exemplar de dois homens de conhecida e invulgar trajetória terrena, cada qual com brilhantes passagens naquilo que se propuseram realizar enquanto criaturas de Deus, cristãos convictos e homens comprometidos com sua gente e seu tempo.
De um lado um empresário visionário e sonhador, empreendedor nos negócios da comunicação, humanista e amazônida lutador pelas coisas da nossa terra, defensor do modelo de desenvolvimento regional e patrão querido pelos seus subordinados tendo em vista os depoimentos prestados e textos postados na imprensa e redes sociais por tantos quantos desfrutaram da sua convivência ou dos seus gestos de generosidade e lealdade. Falo do empresário Phelipe Daou, socio majoritário do complexo de comunicação Rede Amazônica de Rádio e TV, cuja morte deve ser lamentada pois deixa uma vazio que tão cedo não será preenchido.
Outro grande brasileiro cuja ausência terrena definitiva há de causar profunda lacuna por tudo quanto representava para a Igreja Católica mesmo a despeito de estar afastado há anos das decisões hierárquicas por cumprir afastamento compulsório porém, por estar presente ainda como conselheiro admirável em assuntos que calam fundo à cúpula da Igreja notadamente relacionados aos direitos humanos, liberdade de expressão, politica social e rumos catequéticos católicos, é D. Paulo Evaristo Arns, esse catarinense de nascimento que descendia de uma familia de treze irmãos sendo três freiras e um padre, Arcebispo Emérito de São Paulo, Doutor em Teologia pela Sorbonne e ferrenho defensor das causas dos mais pobres.
Cardeal Arns com desassombro, enquanto Arcebispo Metropolitano de SP, enfrentou a ditadura militar nos seus nos mais cruéis momentos. Foi o grande mentor e incentivador da implantação da Teologia da Libertação nos anos de 1970, fase crucial e importante para a consolidação de idéias e ideais que se, para alguns dos seus críticos mais incisivos, mancha a sua biografia, tenho pensamento diametralmente oposto a essa tese, visto que naquela fase da vida politica nacional foi extremamante importante para confrontar o regime dotando a Igreja Católica, especialmente seus fiéis e parte do clero, de formação e informação doutrinárias vitais.
De fala e atitudes serenas porém firmes e determinadas, D. Paulo era referência obrigatória não só para a Igreja local de SP mas, tinha enorme e indefectivel influência na CNBB, chamado que era para emitir opiniões ou dar conselhos em assuntos politicos, doutrinários e de fé os quais poderiam ter repercussão nas decisões e da hierarquia superior da Igreja Católica. Assim como era ouvido era também combatido ja que suas posições politicas conhecidas batiam de frente com bispos e cardeias mais à direita.
Fará enorme falta sim!, pois D. Paulo possuía outra enorme capacidade de agregar, sendo o maior responsável pela aproximação entre católicos e outras igrejas cristãs ou não, tendo ele iniciado e aprofundado o diálogo interreligioso que deu origem à formação do que é hoje o CONIC – Conselho Nacional das Igrejas Cristãs organismo intereligioso que cumpre papel importante para o diálogo e realização de eventos que visem a proximação das cúpulas religiosas na direção da solução de problemas dos mais diversos temas e conceitos.
Vão em paz Phellipe Daou e D. Paulo!
Dá-lhes , Senhor, o descanso eterno e brilhe para eles a Vossa luz!
Té logo!
*O autor é farmacêutico, empresário e foi diretor da Fundação Alfredo da Matta
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