O empresário José Lopes é o principal alvo da operação “Eminência Parda”, desenvolvida desde as primeiras horas da manhã pela Polícia Federal em Manaus, Boca do Acre, no interior do Estado, e em Rio Branco, no Acre. Foram cumpridos dois mandatos de prisão preventiva, um contra ele próprio, no condomínio de luxo Maison, no bairro Morada do sol, em Rio Branco (Acre), nas primeiras horas da manhã, outro contra seu sócio e operador, José Cursino Monteiro Neto, e um mandato contra o cunhado dele, Gustavo Henrique Macário Bento, dono da GH Macário Bento, que tem contrato com o Governo do Estado.
Há pelo menos 30 anos José Lopes é tratado como “eminência parda” de vários governos. Em torno dele desenvolveu-se uma lenda, segundo a qual o empresário bancava a maior parte das campanhas de candidatos a prefeito de Manaus e governador do Amazonas, em troca de polpudos contratos que ele administrava com mão de ferro ao longo dos mandatos.
Neste ano ele já foi preso uma vez, na operação Ojuara, desdobramento da “Arquimedes”, acusado de fazer parte de uma máfia que fraudava licenças ambientais, com ajuda de funcionários públicos, para desmatar imensas áreas de terra no Amazonas. Dono de uma imensa fazenda em Boca do Acre, onde cria um dos maiores rebanhos do Estado, ele entrou na mira definitivamente da Polícia Federal a partir de então.
Hoje, foi preso por outro motivo. Ele e os parceiros são acusados de desviar altas somas em dinheiro de contratos para fornecimento de comida a hospitais do Estado, ainda como desdobramento da Operação “Maus Caminhos”, que já levou para a cadeia diversas autoridades que passaram pelo Governo do Estado e parentes delas, inclusive o ex-governador José Melo, sua esposa Edilene Gomes, e a ex-primeira dama Nejmi Aziz, esposa do senador Omar Aziz (PSD), que prestou depoimento à Polícia Federal na semana passada e negou envolvimento nos crimes.
Desde 2016 a “Manaus Caminhos” vem ampliando as investigações e gerando uma sequência de inquéritos na Polícia Federal, denúncias do Ministério Público Federal e processos na Justiça Federal. No caso de José Lopes, existe pelo menos uma acusação mais do que grave: segundo a Polícia Federal, ele recebia uma mesada mensal de R$ 1 milhão do chefe do esquema inicialmente descoberto, o médico Mouhamed Mustafa.
O que se viu hoje foi mais um festival de alto luxo. De dentro dos condomínios onde a Polícia Federal realizou algumas das 16 buscas e apreensões autorizadas pela Justiça, saíram carros caríssimos e foram bloqueados mais de R$ 20 milhões em bens dos envolvidos. Foi o maior volume depois que, numa das primeiras fases, foram apreendidos diversos veículos e outros ítens pertencentes ao médico Mouhamed Mustafa e seus sócios.
A partir de agora, assim como ocorreu na “Lava Jato”, os desdobramentos são imprevisíveis. Segundo o blog apurou, a Polícia Federal conseguiu finalmente chegar ao epicentro da operação financeira dos principais contratos do Estado pelo menos nos últimos 20 anos.
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