Veja o documento abaixo. Ele está fixado na porta de um consultório do hospital João Lúcio, o maior de Manaus, e comunica o encerramento das atividades da Clínica Neurológica do Amazonas naquela unidade pública de saúde. A empresa informa que está atendendo recomendação do Ministério Público, porque estava atuando sem contrato.
Na verdade, tudo indica que o secretário Pedro Elias, auxiliado por alguns amigos que ele nomeou em postos estratégicos, tenta driblar os problemas velando-se da ajuda de amigos. Mas o MPE já identificou a prática e começa a inibi-la.
No caso específico do João Lúcio, quem comanda hoje o hospital é o cirurgião José Jorge Pinheiro Guimarães, amigo pessoal do secretário desde a época em que os dois trabalhavam como oficiais da Aeronáutica (os dois estão na foto acima). Autoritário e arrogante, ele trata mal funcionários e fornecedores. Por isso, o funcionamento da unidade desandou.
Na última semana do ano passado, o governo enviou às autoridades judiciárias um documento em que nega o caos na saúde, mas ao mesmo tempo admite vários problemas. Veja pontos do release distribuído pela Secretaria de Comunicação, que acabam reforçando a tese defendida pelo Sindicato dos Médicos, de que a saúde está com sérios problemas:
“Devido à crise econômica, houve atraso do repasse do Governo para as empresas que contratam profissionais que atuam na rede de urgência e emergência. O pagamento já está sendo regularizado, conforme cronograma definido com cada prestadora de serviço. O repasse dos recursos que vem sendo feito pelo Governo às empresas terceirizadas abrange pendências de outubro até dezembro.”
“Entre as medidas já tomadas, está a mudança na gestão da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) e a destinação imediata de R$ 10 milhões para compra emergencial de medicamentos, quimioterápicos e produtos de saúde, em geral, para abastecimento da unidade, que é referência no diagnóstico e tratamento do câncer na Amazônia Ocidental.”
“De acordo com o secretário estadual de Saúde, Pedro Elias, o governador autorizou, ainda, a contratação de serviços privados para atendimentos de pacientes que possuem doenças de obstrução arterial crônica por conta de diabetes. Essas pessoas costumam ser atendidas nos prontos-socorros e encaminhadas para o Hospital Francisca Mendes. José Melo também autorizou a aquisição de mais um equipamento de hemodinâmica para o Francisca Mendes, o único da rede pública que realiza estes procedimentos. O equipamento também é utilizado para procedimentos cardiológicos, como cateterismo, diagnóstico de angioplastia, para tratamento de arritmias cardíacas, como implante de marca passo, entre outros.”
“Em relação aos tomógrafos de três prontos-socorros – 28 de Agosto, João Lúcio Machado e Platão Araújo – que deram problemas ao mesmo tempo, o secretário disse que a empresa que presta manutenção já está promovendo os reparos e o equipamento do Hospital 28 de Agosto já voltou a funcionar. O do Pronto Socorro João Lúcio e do Platão Araújo estão em análise pela equipe de manutenção. Nesse período, a tomografia do Hospital Francisca Mendes já está autorizada a prestar estes serviços de apoio às unidades 24 horas por dia.”
“As cirurgias ortopédicas também deverão voltar à normalidade nos hospitais que realizam cirurgias eletivas. Os procedimentos foram interrompidos por falta de fornecimento de material.”
No mesmo documento, Elias admite as irregularidades que vem cometendo: “Se entendermos que haverá necessidade de contratar serviço privado, assim o faremos”, diz ele.
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