
Finalmente o governador José Melo decidiu agir para tentar conter o caos instalado na saúde pública e anunciou hoje mudanças no formato de gestão da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) e a destinação imediata de R$ 10 milhões para compra emergencial de medicamentos, quimioterápicos e produtos de saúde, em geral, para abastecimento da unidade, que é referência no diagnóstico e tratamento do câncer na Amazônia Ocidental. Durante entrevista a uma emissora de TV, José Melo ressaltou ainda que, mesmo com queda na arrecadação, o Estado do Amazonas investiu R$ 540 milhões a mais em Saúde do que os R$ 2,178 bilhões previstos no orçamento estadual para 2015.
O montante equivale a 22,1% do orçamento do Estado. Com esses números, o Amazonas se mantém no ranking nacional do Ministério da Saúde como o Estado que mais investe proporcionalmente em saúde pública no país, seguido logo atrás pelo Espírito Santo. “Nós abrimos de crédito suplementar, tirando de outras secretarias para a Saúde, mais R$ 540 milhões. Então, este ano, a Saúde Pública levou R$ 2,7 bilhões do nosso orçamento”, destacou José Melo, para completar que determinou à Secretaria de Estado de Saúde (Susam) a adoção de um plano emergencial para atender à FCecon. Do total de recursos destinado à saúde no Amazonas este ano, 78,49% são do orçamento do Estado e 21,51%, do Governo Federal.
Em entrevista coletiva à imprensa, na qual fez um balanço da situação da Saúde no Estado, nesta tarde, na sede da Susam, o secretário de Estado de Saúde, Pedro Elias de Souza, informou que o novo modelo que será adotado na FCecon terá o comando de uma comissão, tendo ele à frente das decisões dentro da unidade, ao lado de um novo gestor que será anunciado em breve. Em 90 dias, o novo formato de gestão deverá estar regularizado. O secretário também informou que uma equipe da Susam já está atuando na unidade fazendo levantamentos sobre os principais problemas e que ainda nesta terça-feira deveria receber um relatório.
“Hoje estamos fazendo um aporte emergencial de R$ 10 milhões para prover estoque de medicamentos e minimizar a fila de espera de cirurgias, radioterapia e quimioterapia. Se necessário, vamos contratar serviços privados”, garantiu. Ele ainda destacou que o Estado está em processo de aquisição de equipamentos, como um acelerador linear usado para fazer radioterapia. A casa mata, onde esse equipamento fica instalado, já está pronta.
Com a inauguração do Hospital Delphina Aziz, na zona norte, serão destinados dez leitos de “Hospital Dia” para atender pacientes que precisam realizar procedimentos relacionados ao câncer de colo de útero. A inauguração da unidade, prevista para março, vai acrescentar mais cerca de 350 leitos à rede. Segundo Pedro Elias, com mais 350 leitos do Hospital Universitário Getúlio Vargas, que também deve voltar a funcionar em breve, ano que vem serão cerca de 700 novos leitos de hospitais públicos em Manaus, o que vai ajudar a reforçar o atendimento na capital.
Segundo o secretário, em função da crise econômica, a demanda de atendimento na rede púbica teve um salto muito grande este ano. Um dos fatores que contribuíram foi a migração de usuários de planos de saúde que perderam emprego nas empresas do Distrito Industrial. A estimativa é de que só no Amazonas o número já ultrapassa 120 mil pessoas nessa condição.
Pedro Elias também destacou uma ação recente para abastecendo da rede de prontos-socorros com medicamentos e equipamentos mais essenciais nesse período de fim de ano. Também foi feita uma reunião com fornecedores que definiu um procedimento para acioná-los em situação emergencial.
Procedimentos endovasculares – O governador também autorizou, segundo Pedro Elias, a contratação de serviços privados para atendimentos de pacientes que possuem doenças de obstrução arterial crônica por conta de diabetes. Essas pessoas costumam ser atendidas nos prontos-socorros e encaminhadas para o Hospital Francisca Mendes. José Melo também autorizou a aquisição de mais um equipamento de hemodinâmica para o Francisca Mendes, o único da rede pública que realiza estes procedimentos. O equipamento também é utilizado para procedimentos cardiológicos, como cateterismo, diagnóstico de angioplastia, para tratamento de arritmias cardíacas, como implante de marca passo, entre outros.
Em relação aos tomógrafos de três prontos-socorros – 28 de Agosto, João Lúcio Machado e Platão Araújo – que deram problemas ao mesmo tempo, o secretário disse que a empresa que presta manutenção já está promovendo os reparos e o equipamento do Hospital 28 de Agosto já voltou a funcionar. O do Pronto Socorro João Lúcio e do Platão Araújo estão em análise pela equipe de manutenção. Nesse período, a tomografia do Hospital Francisca Mendes já está autorizada a prestar estes serviços de apoio às unidades 24 horas por dia. “Se entendermos que haverá necessidade de contratar serviço privado, assim o faremos”, observou o secretário, ao ressaltar que as cirurgias ortopédicas também deverão voltar à normalidade nos hospitais que realizam cirurgias eletivas. Os procedimentos foram interrompidos por falta de fornecimento de material.
Pagamento de empresas – Nesta terça-feira, o Governo do Estado concluiu o pagamento de 50% dos recursos referentes a dezembro acordados com as empresas de assistência médica, de enfermagem e de técnicos de enfermagem que atendem em prontos-socorros. “Segundo a Secretaria de Fazenda, na primeira quinzena de janeiro honraremos com os 50% restantes acordados e, até o final de janeiro, no máximo, estaremos pagando integralmente o mês de janeiro inteiro”, disse Pedro Elias. Segundo o secretário, somente este ano foram repassados R$ 506,973 milhões às empresas que prestam serviços nas unidades do Estado.
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