A gigante espanhola Abengoa, cuja matriz entrou com pedido preliminar de recuperação judicial na Espanha, pode ter que vender ativos no Brasil, apesar de um momento ruim do país. Entre eles está a obra do hospital Delfina Aziz, que vem se arrastando há pelo menos três anos. Os credores brasileiros reivindicam o bolo. Se assumirem o empreendimento, que é uma parceria público-privada com o governo do Amazonas, podem até sugerir que a unidade de saúde passe a fazer atendimento privado, saindo do controle do Estado.Especialistas ouvidos pela agência francesa Reuters estimam que a Abengoa deve tentar vender seus ativos para fazer caixa, devido à dificuldade para captar novos recursos e continuar os projetos em meio à sua crise.
“É um caminho, até para abastecer de recursos líquidos as operações no exterior… é um caminho bem possível”, afirmou o advogado Robertson Emerenciano, sócio do escritório Emerenciano, Baggio e Associados.
Ele acredita que a alternativa deverá até mesmo ser incentivada pelo governo brasileiro “Para o governo, é mais importante manter os investimentos… é possível fazer uma negociação para transferir os ativos”, disse.
Fontes com conhecimento da reestruturação da Abengoa na Espanha disseram que a empresa vai parar todos projetos não operacionais e que demandam novos investimentos.
“Os ativos já em operação sempre encontram comprador… o risco é muito baixo. Talvez não pelo melhor preço do mundo, porque o momento é ruim. Mas o complicado é a parte dos ativos que não começaram a obra ainda… esses são o X da questão”, afirmou.
A empresa investe forte também no setor elétrico.
O hospital da Zona Norte é uma promessa de campanha do atual senador Omar Aziz, quando foi candidato ao governo, em 2010. Somente em 2012 ele deu início à obra. Até agora funciona no local apenas um pronto-socorro. O grosso do empreendimento está inconcluso. Com a crise, a Abengoa, que se faz representar no Estado pela Manaus Construtora, parou os trabalhos.
A PPP (Parceria Público-Privada) feita pelo estado do Amazonas se refere ao projeto, construção, equipagem completa das instalações, como também dos equipamentos médicos e instrumentais, manutenção e operação durante 20 anos do Hospital e Pronto Socorro Delphina Rinaldi Abdel Aziz.
A novela pode causar um prejuízo e tanto para os cofres públicos. Um especialista ouvido pelo blog afirmou que dificilmente a Abengoa encontraria um investidor interessado em assumir a obra, nos termos atuais. “Pode ser que algum consórcio ou empresa queira entrar no negócio, mas só se o hospital passar a oferecer atendimento privado. Para impedir isso, o governo vai ter que assumir a bronca sozinho. E nessa época de crise isso é quase impossível, até porque, para controlar só o empreendimento, o Estado teria que comprar a parte dos espanhóis. E isso é caro”, resumiu.
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