Aos 56 anos, o alagoano Mario Manoel Coelho de Mello chega ao cargo de conselheiro de contas do Amazonas depois de quase três décadas de serviços prestados ao Estado, durante os quais trabalhou no escritório de representação em Brasília, cidade onde conquistou amizades e trânsito em diversos órgãos da administração federal.
A família Mello tornou-se conhecida no Brasil no final da década de 80, quando o então governador alagoano Fernando Collor de Mello despontou como nova liderança nacional, elegeu-se presidente da República – o primeiro após a redemocratização – e viu seu primo Marco Aurélio chegar ao Supremo Tribunal Federal como ministro.
Foi naquela época que Mário aproximou-se do então governador Gilberto Mestrinho e passou a trabalhar na representação, assumindo sua chefia em seguida, com a posse de Amazonino Mendes em seu segundo mandato.
As declarações de Mello pouco antes e depois de ser escolhido conselheiros pela Assembleia Legislativa – obteve 22 dos 24 votos, mas apenas um deputado votou contra sua indicação. O presidente Josué Neto não votou porque estava no exercício do governo – geraram alguma polêmica. O blog lhe solicitou, então, uma entrevista. E ele, simpático e solícito, aceitou falar sobre tudo.
Blog – O que o credenciou para assumir o cargo de conselheiro?
Mario Mello – Minha vida dedicada ao Estado e a experiência no serviço público. Tudo o que você possa imaginar eu vi e vivi nesse período. Sei das dificuldades que um governante ou um secretário enfrenta para tocar seus serviços, mas também sou consciente dos limites legais. Sinto-me preparado para essa honrosa missão.
Blog – O senhor teve padrinhos?
Mario Mello – Para chegar a um posto como este, mais do que padrinhos, você precisa ter o reconhecimento do seu trabalho e, modéstia a parte, da sua competência. E isso eu acho que consegui amealhar.
Blog – O senhor elogiou os ex-governadores com quem trabalhou em seu discurso de posse e houve quem interpretasse nisso um sinal de submissão ao Executivo, o que seria inapropriado para um conselheiro…
Mario Mello – Meu amigo, não existe maldade nisso. Imagine que um deputado chegasse ao TCE e no discurso de posse agradecesse aos colegas com quem atuou na Assembleia. Isso significaria que ele seria submisso ao Legislativo? Ou que protegeria os colegas que votaram nele quando estes passassem a ocupar cargos executivos? Nada disso. Quando me referi aos ex-governadores, o fiz em agradecimento por terem confiado em mim. Na hora de julgar as contas, entretanto, não é o agradecimento que deve balizar meu voto e sim a letra fria da lei. O resto é pura maldade.
Blog – O senhor declarou um patrimônio de cerca de R$ 2 milhões. E houve quem criticasse. Como vê isso?
Mario Mello – Bobagem. Passei mais da metade da minha vida recebendo o salário de secretário de Estado. Seria muito irresponsável se tivesse torrado esse dinheiro e não comprasse um ou outro imóvel. Tive condições para isso. Está tudo declarado. Não escondo nada. Por isso estou aqui, como conselheiro. Sou um homem de família, sem vícios, e sempre cuidei direito do meu patrimônio.
Blog – Em tempos de crise e Lava Jato, como o senhor encara o papel do Tribunal de Contas?
Mario Mello – Nós somos funcionários da população. É ela que nos paga para tomar conta do seu dinheiro. Temos que ser cada vez mais técnicos e deixar a política e as amizades de lado. É isso que a nossa patroa exige e é assim que vou me comportar. Lamento muito se os amigos não entenderem, mas não pode ser diferente.
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