“Belão” constrange PMDB com apoio incondicional ao governo e homenagem a adversário

belão e melo

Quando o então governador Omar Aziz aderiu ao recém-criado PSD, em 2011, os irmãos Lins, tradicionais aliados de quem está no poder, se dividiram. O deputado federal Átila Lins decidiu acompanhar a turma que se filiou à nova legenda, enquanto o deputado estadual Belarmino Lins, àquela altura presidente da Assembleia Legislativa, ficou no PMDB. Os dois apostavam que não haveria um rompimento entre as duas siglas, mas ele ocorreu em 2014 e deixou a dupla numa sinuca de bico.

Na eleição do ano passado, os irmãos Lins se equilibraram na corda bamba pata conseguir a reeleição. Nenhum dos dois fez campanha ostensiva nem para José Melo, nem para Eduardo Braga. Átila só se reelegeu porque o deputado Artur Bisneto teve uma votação surpreendente e proporcionou a quinta vaga à coligação, deixando a oposição com apenas três deputados federais. “Belão” não teve maiores dificuldades.

Abertas as urnas e eleito José Melo, os dois não contaram conversa. Engajaram-se de corpo e alma no novo governo. Para Átila, isso não significou nenhum problema, porque seu partido está na base governista. “Belão”, entretanto, virou as costas para as orientações da executiva estadual do PMDB e passou a desafiar o partido. Elegeu-se vice-presidente da Assembleia com apoio do governador, passou a votar sistematicamente com o governo e chegou ao cúmulo de comandar com mão de ferro sessões em que os interesses do governo estavam em jogo, comandando o “rolo compressor” governista.

Esta semana ele foi além. Ajudou a tirar da gaveta uma proposta sua que concedia a medalha Ruy Araújo ao prefeito de Manaus, Artur Neto, maior adversário do presidente regional do PMDB, o ministro Eduardo Braga. O projeto estava engavetado há dez anos. Foi uma afronta e tanto.

A cúpula peemedebista avalia que “Belão” está forçando a barra para ser expulso do partido e se vitimizar, por isso não planeja tomar nenhuma providência contra ele. A ideia é esperar a janela de março, quando qualquer político com mandato poderá trocar de partido, para ver como o deputado se posiciona. Se ele não se desfiliar, ficará claro que a estratégia é combinada com os adversários, para constranger o partido. A partir daí, tudo pode acontecer.

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