Se fosse vivo, Gilberto Mestrinho, falecido em 2009, teria completado 85 anos de idade no último sábado, 23. Este pisciano é o responsável por tudo o que se vê ainda hoje na política amazonense. Ouso afirmar que o evento mais marcante da história recente do Estado foi seu retorno ao poder em 1982, depois de ter sido cassado pelo Regime Militar, de haver experimentado de tudo um pouco na vida pública.
Quando assumiu o Governo, em 1983, Mestrinho abrigava sob suas asas os partidos “ilegais”, como o PC do B e o PCB. O primeiro mandato de João Pedro como deputado estadual foi conquistado pelo MDB, comandado pelo Bôto. Também estavam lá quando ele retornou os deputados federais Artur Neto e Mario Frota, o vereador e depois senador Fabio Lucena, Carlos Alberto D´Carli e tantos outros.
Foi Mestrinho quem lançou Amazonino Mendes na política, quando este era empresário da construção civil e foi nomeado prefeito de Manaus. Até os que se opunham a ele, como Josué Filho e Eduardo Braga, foram mais tarde convencidos a mudar de lado.
Entre 1983 e 1986 Mestrinho acumulou mais poder que qualquer outro governador na história do Amazonas. A partir de 1988, quando perdeu a eleição de prefeito em Manaus para Artur, oscilou momentos de brilho e decepção, até perder a derradeira disputa, em 2006, quando terminou em terceiro lugar a corrida por uma cadeira no Senado.
Chego hoje à conclusão de que Mestrinho era modesto. Ele disse ao assumir, em 1983, que seu grupo governaria o Estado por 20 anos. A frase ecoava sempre, a cada eleição. Pois bem, Omar Aziz é o primeiro governador depois dele que nunca esteve sob a sua órbita direta de influência. Portanto, o “reinado” do grupo iniciado pelo veterano político prolongou-se até 2010, por longos 27 anos. Mas com um pouco de esforço, poderíamos dizer que ainda sobrevive. Até porque, para chegar ao poder, Omar precisou do apoio das forças que se alinhavam a Mestrinho.
À exceção de um ou outro petista, Mestrinho foi aliado ou adversário de todos os personagens da política amazonense atual. Foi temido, amado, odiado e respeitado. Tudo ao mesmo tempo. Só não soube o momento de parar. Se houvesse decidido se aposentar em 2006, teria uma despedida mais honrosa.
Suas lições, portanto, merecem ser estudadas e aprendidas por todos os que estão no poder.
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