Zé Roberto e João Branco perdem o controle do tráfico na maior parte de Manaus, mas prometem reagir

Os traficantes José Roberto Fernandes, o “Zé Roberto da Compensa”, e João Pinto Carioca, o “João Branco”, comandaram o tráfico de drogas em Manaus e na maioria dos municípios do Amazonas com a facção Família do Norte (FDN), criada por eles no início dos anos 2000. O grupo criminoso, caracterizado pela extrema violência, espalhou-se para outros Estados, especialmente no Nordeste, nos últimos 10 anos, período que representou seu auge. Agora, entretanto, seu poderio foi minado pelo Comando Vermelho (CV), originário do Rio de Janeiro. O foguetório que assustou Manaus ontem foi promovido por membros deste, comemorando a “tomada” da cidade.

Ao contrário da FDN, o CV não se caracteriza por uma estrutura hierarquizada, com lideranças bem definidas. O grupo carioca instalado no Amazonas segue a lógica de se espalhar o máximo possível, para dominar os territórios aos poucos. Só agora em 2020 eles tomaram os principais redutos dos rivais, como os bairros Betânia e Mauazinho (zona Sul), Parque São Pedro, Rio Piorini, Viver Melhor e Cidade de Deus (zona Norte), São Jorge (zona Oeste) e Coroado (zona Leste).

A maior comemoração de ontem ocorreu na Compensa, na zona Oeste, berço da FDN. O CV entrou no bairro e declarou sua posse, mas ainda é contestado por alguns aliados de Zé Roberto.

A previsão é de que a guerra, que praticamente acabou nas demais zonas da cidade, concentre-se agora na zona Leste de Manaus, aonde a FDN ainda mantém o controle de grandes bairros, como o Jorge Teixeira.

Dois “salves” (espécie de comunicado das facções aos seguidores) foram divulgados na noite de ontem. Primeiro, o CV informou que havia dominado 80% de Manaus e recomendava aos rivais que se rendessem, prometendo analisar “caso a caso”. Depois, a FDN manifestou-se dizendo que reagiria às agressões e pagaria “sangue com sangue”.

O CV tem como principais lideranças os criminosos conhecidos como Saulo (o LG), Nerde (o JD), CH, Pimpolho, Bocão, Borba, Anderson, Lendário, Bombado, RN, Chumbo, Gleidson e Dário.

Caberá às autoridades de Segurança mapear e atacar os redutos destas facções para impedir que a população continue a se sentir refém das facções, como ocorreu na noite de ontem, quando o pavor se espalhava pelos bairros de Manaus e municípios do interior a cada novo foguetório.

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