Uma Olimpíada de hipocrisia

“Vai, vai, vai que é tua Tafarel!!!”.
Se esgoelava um famoso narrador esportivo quando o Brasil disputava partidas de futebol e nosso goleiro fazia peripécias para defender sua cidadela.
Foram tempos mais ou menos bons do nosso futebol com craques menos expostos ao estrelato, ganhando menos, porém, com certo ardor, defendiam as cores canarinhas.
Mas não é da essência dos esportes tampouco de narradores ou de esportistas que quero me deter nesse meu artigo semanal.
Não é novidade pra ninguém que recentemente o nosso país sediou a competição da Copa América de futebol depois da desistência de dois países ante a escalada da pandemia.
O Brasil então se escalou para receber esse evento quadrienal que contou de pronto com a aquiescência do governo brasileiro e, a partir daí, travou-se uma verdadeira batalha no campo das disputas para transmissão pela TV e rádio e, até condenações ao vivo e em cores por parte da crítica esportiva e do jornalismo mais engajado, que via no certame uma brecha para recrudescimento da pandemia pelo novo coronavírus.
A emissora de TV mais poderosa do país perdeu o direito de transmissão para uma concorrente e, para não perder o rebolado, passou então a massacrar o governo por causa do apoio e a vociferar contra a competição em solo brasileiro por parte dados seus editoriais, artistas, diretores, comentaristas esportivos e gente dos bastidores.
Partidos políticos, ministério público federal, entidades civis organizadas e até igrejas recorreram à justiça chegando até ao STF na tentativa de sustarem o evento. Tudo em vão!
Veio então o certame sul americano disputado por doze países.
Com as equipes vieram também toda a comitiva técnica, todas a logística, dirigentes e convidados.
Logicamente que para a cobertura por parte da imprensa desportiva, todo o aparato das mídias dos países disputantes e sua horda de comentaristas, narradores, apoio técnico e agregados por aqui aportaram.
Realizadas sem a presença de público e cumpridas todas as formalidades e exigências por parte da confederação esportiva sul-americana e igualmente por parte das autoridades sanitárias brasileiras, deu-se início, desenrolou-se e encerrou-se a competição e o Brasil perdeu a disputa, sem que nenhum surto ou número alarmante de CoVid se manifestasse.
E tome-lhe críticas, comentários desairosos e toda sorte de condenação antecipada ao governo brasileiro por ter permitido a realização do campeonato.
Mas, nada nada como um dia atrás do outro e uma noite de permeio, para que os detratores do governo e os críticos ferrenhos da Copa América mordessem a língua não mais de que 30 dias depois, quando do início das Olimpíadas em solo japonês.
Esportistas, comentaristas, artistas, dirigentes e até gente do meio científico fiéis à emissora de TV que mais massacrou contra a realização da competição de futebol sul-americana, desta feita quedaram-se mudos e inertes e tiveram que engolir a seco cada crítica e cada aleivosia assacadas contra o governo federal e contra a confederação de futebol pela realização do evento.
As olimpíadas estão em plena realização, centenas de atletas testaram positivo, há público presente em algumas competições, os casos de CoVid dispararam em certas cidades japonesas e, o que é mais estanho em meio a tudo isso, é a completa mudez por parte da emissora de TV brasileira que detém o direito de transmissão.
Nada mais apropriado para retratar essa situação do que dizer “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço” pois o que se assiste é uma verdadeira Olimpíada de hipocrisia.
Té logo!