Uma cabralhada

Roubar e coçar é só começar!

Essa frase deve ter acompanhado a vida e a trajetória política do ex governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. Só pode!

O homem comandou uma dos mais ricos e potentes estados brasileiros por um longo período.

Exerceu os mais altos e relevantes cargos públicos e no parlamento federal.

Foi aliado e correligionário dos mais importantes mandatários da nação.

Teve, até determinado momento da vida pública, uma relevante carreira que poderia tê-lo levado a galgar postos políticos do Olimpo da vida nacional.

Nada disso porém, é suficientemente o bastante, quando a mente e o coração de pessoas como Sérgio Cabral nasceram e foram treinadas para delinquir.

A corrupção, a sede de poder, a vontade de roubar e a sanha de cometer abusos políticos e econômicos estavam para Sérgio Cabral como sal para a água do mar.

Cabral foi investigado, Cabral foi preso, Cabral foi julgado e condenado a quase 400 anos de cadeia.

Semana passada Cabral foi solto e colocado sob prisão domiciliar.

Cabral não é um cidadão qualquer. Cabral é um homem de sorte!

Cabral tem amigos. Cabral tem protetores. Cabral sabe demais. Cabral tem muito dinheiro, ainda que roubado.

No Brasil há milhares de presos que aguardam julgamento e sentença para seus crimes. 

Nas cadeias e penitenciárias brasileiras há centenas de cidadãos presos injustamente ou porque foram confundidos com bandidos ou porque estavam no local e hora errados.

Esses cidadãos presos não têm amigos importantes, não têm dinheiro, não têm aliados nas cortes judiciais comuns e superiores.

Esses cidadãos continuarão a mofar nas celas entupidas de presos porque seus supostos crimes aguardam melhor investigação. 

Cabral não! Cabral cumpriu apenas e tão somente seis anos de cadeia onde tinha privilégios e onde era protegido pelo sistema político, penitenciário e judicial.

A soltura de Sérgio Cabral é mais um duro golpe nas consciências de cidadãos de bem e da banda boa da nação brasileira decepcionada e indignada com essa decisão lamentável e provocativa da mais alta corte judicial do país.

Foi uma cabralhada e tanto a encher de vergonha o povo honesto do Brasil e igualmente foi um tapa na cara da banda boa da justiça, dos organismos de investigação, das polícias e de quem fiscaliza a aplicação das leis.

Penso, honestamente, que mesmo assim nosso país tem jeito.

Nosso país é infinitamente maior do que juízes e cortes açambarcadas por maus julgadores e péssimos aplicadores da lei.

Quinhentos anos depois, algumas guerras enfrentadas, colonialismo que nos escravizou por séculos, mudanças de formas e regimes de governo, presidentes depostos, entre outras crises, não foram e não serão ainda o suficiente para destruir o Brasil ou desviá-lo  dos eixos e da vanguarda do crescimento e da prosperidade.

Ainda temos muito o que avançar enquanto país que teima em resistir a uma onda de insensatez judicial.

Apesar dos Sérgio Cabral da vida, apesar de juízes, apesar de políticos, apesar dos pesares, nosso Brasil seguirá grande e muito maior do que os que lhe ferem a alma e a dignidade enquanto nação livre e quase soberana, em que pese as atrocidades cometidas contra ele há séculos.

Que Deus nos livre, nos guarde e nos proteja de mais cabralhadas.

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