Reflexões sobre a pré-candidatura do prefeito de Manaus à Presidência do Brasil

Por Carlos Santiago*

Qual o modelo exitoso de gestão pública no Amazonas, implantado pelos administradores do Estado ou da Prefeitura de Manaus, capaz de contribuir com o desenvolvimento econômico, social e ético do Brasil?  Eis uma pergunta que requer uma avalição profunda sobre os destinos do Amazonas e do País.

Por isso, não irei tratar a pré-candidatura do prefeito de Manaus à presidência da República com deboche, piada ou insanidade, como alguns blogs e jornais de repercussão nacional estão fazendo, porque, além de respeitar a sua idade, acho um momento oportuno para debater as contribuições dos administradores do Amazonas e de Manaus, inclusive, porque alguns chegaram a ser ministros de Estado.

Pois bem, nas últimas décadas, foram ministros de Estado e gestores no Amazonas: Artur Virgílio Neto, ex-ministro-chefe da Casa Civil da presidência da República,  prefeito de Manaus por dois mandatos completos e mais um ano o atual, totalizando nove anos à frente dos destinos da capital; Alfredo Nascimento, ex-ministro dos transportes, vice-governador e prefeito de Manaus em duas gestões; Eduardo Braga comandou o ministério das Minas e Energias, exerceu por dois mandatos o cargo de governador e, por dois anos, o cargo de prefeito de Manaus.

Então, voltamos a perguntar: quais as grandes realizações desses homens públicos no plano local? Manaus possui um paradigma de transporte coletivo decente que possa ser oferecido ao Brasil? A nossa capital tem um padrão de saneamento básico adequado? Somos referência nacional nas áreas de educação, de segurança e de saúde? Qual o exemplo de desenvolvimento econômico, além da Zona Franca, que o Amazonas possui e que possa servir como modelo para o restante do Brasil? Qual o padrão de ética dos gestores locais que sirva como um norte para o restante do País?

E no plano nacional: quais foram as maravilhosas realizações do Artur Virgílio no ministério que ocupou? E do Alfredo Nascimento no ministério dos transportes? E do Eduardo Braga nas Minas e Energias?  Certamente, as respostas desses questionamentos podem revelar as causas do atraso político, ético e econômico de Manaus, do Estado e do Brasil.

Não é à toa que a cidade de Manaus e o Estado do Amazonas possuem péssimos indicadores sociais, com gestores e ex-administradores citados em delações de esquemas de corrupção no Brasil, com famílias na máquina pública, além de não possuírem nenhum modelo econômico de desenvolvimento alternativo para a Zona Franca.

É um momento triste e sem muita referência ética.

*O autor é sociólogo, analista político e advogado.