Prisão de soldado que não tem mais farda para trabalhar gera confusão na Polícia Militar. Veja vídeo

O soldado PM Hernandes Menezes Soutelo recebeu voz de prisão em flagrante de oficiais ontem no Batalhão e Administração da corporação, depois de explicar que estava sem farda porque a única que possuía não estava mais em condições de uso. Ele é diretor da Associação dos Praças, o que gerou revolta na tropa e está causando uma enorme confusão, envolvendo inclusive um jornalista, Waldir Adriano, assessor da entidade, que teve o celular confiscado por ter filmado a discussão entre o subordinado e seus superiores.

Há mais de quatro anos a Polícia Militar não fornece fardas à tropa. No estatuto da corporação consta a obrigação de entrega de um fardamento completo por ano. Menezes já não conseguia usar a única que ainda tinha , muito menos o coturno, que perdeu o solado.

Na noite de ontem, já preso, ele encaminhou uma carta as colegas explicando a situação. Veja a íntegra:

“ESTOU PRESO, mas antes de tudo quero agradecer os inúmeros irmãos de farda, que têm me dado apoio incondicional, fortalecendo assim a ideia da união. Também tenho de agradecer a recepção por parte dos demais policiais presos no batalhão, pois em resumo, os caras são uma verdadeira família, ninguém julga ou crítica ninguém. Agradeço todos os meus irmãos da Apeam, que de pronto moveram céus e terra, agradeço o meu amigo Jucimar, vulgo Kiko de Manacapuru. Só tenho um lamento: a Associação de Cabos e Soldados,pois além de todos terem comido abiu, o único que falou algo, Cabo Adiel, desferiu palavras de críticas, pondo em dúvidas inclusive, o caráter do seu associado. Porém para fazer nota de apoio à coronéis eles são bons,uma subserviência velada. Mas serei justo, o social é eficaz.     

ESCLARECIMENTO DOS FATOS!

No plano de férias eu estava encaixado em agosto, porém, por conta das Olimpíadas, o comando mandou o batalhão me trocar para junho. Tirei as férias, porém não recebi o dinheiro. Fiquei de assinar o livro assim que o dinheiro caísse, pois eu entendi que se assinasse antes e o valor não viesse , o coronel não iria tirar do bolso pra me pagar e eu seria o único prejudicado. E se assinado o livro antes, livraria todos de suas respectivas responsabilidades. Já o fardamento, também fiz todos os procedimentos previstos. Comuniquei, solicitei e dei o tempo hábil de espera. Como já suspeitava, me obriguei à ir trabalhar a paisano. O coronel Saunier mandou me buscar no Ipat, até a administração no Armando Mendes, encheu a sala de subordinados que trabalham diretamente com ele e começou a me interpelar sobre os fatos citados acima. Como eu estava respaldado em tudo e tinha resposta pra tudo, ele criou uma situação. Me deu voz de prisão porque achou que eu havia SORRIDO, se ofendendo com isso.  Na DJD, de fato o coronel de lá passou a me humilhar e hostilizar. Sabendo que estava agindo errado, tomou do bolso do repórter seu celular pessoal, por medo de ele estar gravando, ameaçou-o de todas as formas, até o coitado ceder. 

Senhores, sou um pai de família e fui preso por cobrar meus direitos e pelo que represento (APEAM).  Porém, pra quem pensa que abaixarei a cabeça por conta disso, nem de longe me conhece. Acredito que o respeito tem de ser recíproco, independente de você se dar bem com o cidadão ou não. Já entendi que não ficarei muito tempo aqui na PMAM, porém enquanto estiver, cobrarei o respeito de qualquer um e darei o respeito a qualquer um. Tenho de preservar meus princípios, minha dignidade e minha honra, de forma que não posso ceder aos caprichos de quem detém o poder sobre mim. Pois meu caráter, minha família e amigos é tudo que tenho.  Por fim confio no amadurecimento mental da classe e sei que no fundo todos são verdadeiros líderes. 

Não venda ou troque sua honra, pois ela é quem garante que você possa olhar nos olhos de qualquer um.

UNIÃO É TUDO!  E MAS UMA VEZ OBRIGADO A TODOS.”

Veja agora o documento em que ele comunica a situação do fardamento:

carta do soldado

Veja também o vídeo que mostra o momento da prisão:

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Este post tem 2 comentários

  1. Angela

    No Amazonas é assim… acontece de tudo e ninguém faz nada. Até parece que aqui não é Brasil. Cadê o MP e demais órgão e entidades. Tem medo de coronel??? Se isto acontecesse no Brasil este grupo de coronéis já estariam presos. Tortura e crime. Abuso de poder e crime. Cadê o TCE que não fiscaliza as compras da polícia militar que deixou de fornecer os uniformes. Aliás compraram os uniformes mais caros por setem acolchoado e muitos quentes. Manaus fica perto da linha do Equador e muito quente. A polícia militar deveria ter um uniforme diferenciado por causa do calor. Sairia até mais barato. Sugestão : Bermudao, camisa pólo e sapato tênis. Pois o uniforme não é aprova de bala. Vão para outros estados do Brasil e vejam a quantidade de uniformes que foram adaptados para cada região.

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