Previdência municipal surpreende e fecha 2016 com superávit nas contas

O balanço da previdência do município de Manaus mostra que a instituição fechou 2016 com números positivos num cenário caótico para a maioria dos Regimes Próprios de Previdência Social do País (RPPS). Entre eles, o desempenho da carteira de investimentos, que fechou em R$ 878 milhões, um acréscimo de 17,41% em relação ao fechamento de 2015. O número foi citado nesta quarta-feira, 15/3, durante a abertura do Curso de Investimentos realizado pela Manaus Previdência.

Fundamental para esse resultado foram os acertos dos investimentos da previdência municipal ao longo dos últimos quatro anos. “Conhecer e estar atualizado sobre o mercado financeiro é condição essencial para que os ganhos nos investimentos superem eventuais perdas ou reduções nos valores de resgate, à medida que todo investimento apresenta riscos”, destacou o diretor-presidente da Manaus Previdência, Marcelo Magaldi. “Por isso, consta no planejamento estratégico da instituição a capacitação não só dos servidores, mas dos conselheiros que compõem os órgãos colegiados, resultando em renovação contínua de conhecimento que auxilia na tomada de decisões sobre investimento no mercado”, acrescentou.

O curso contou com a participação de três palestrantes, entre eles, a dra. Zeina Latif, economista e colunista da Agência Estado. Responsável por abordar o tema “Cenário Econômico”, Latif expôs a visão macroeconômica e seus impactos nos setores da economia, com recomendações para o setor de previdência. “Ainda que a decisão sobre a reforma previdenciária acabe sendo política, acredito que não se deva desfigurar a proposta do governo, a fim de que não deixe de ser algo positivo para o País”, disse.

Lembra Latif que a despesa com a previdência está em 13% do Produto Interno Bruto (PIB) e num patamar de crescimento, pois a população está envelhecendo rapidamente, num fato sem paralelo na experiência mundial. “Então, a expectativa é que lá para 2026, daqui a menos de 10 anos, esses gastos representem muito do orçamento federal. Praticamente 70% do orçamento federal vai ser para pagamento de previdência. Assim, se o governo não fizer a reforma, haverá um colapso das politicas publicas no país, não vai sobrar dinheiro para mais nada”, alerta.

Diversificação

Diversificar para reduzir riscos. Foi com essa tônica que o palestrante Lauter Ferreira abordou o tema “Diversificação de gestores em plataforma aberta de investimentos”. Numa metáfora para melhor compreensão, Ferreira lembra que não se coloca ovos numa mesma cesta e sim, em duas ou mais, pois se uma cesta cair, os ovos das outras ficarão preservados. “Mas, também se dermos para uma mesma pessoa carregar as cestas e esta pessoa cair, todas as cestas cairão. Ou seja, temos que diversificar os gestores, também”, disse.

Conforme o especialista, o investidor nacional ainda não tem essa visão, que é muito utilizada nos Estados Unidos. Segundo ele, 95% dos americanos investem seus recursos em empresas de plataforma aberta de investimentos e 5% em grandes bancos. No Brasil, ocorre o inverso: 95% dos investimentos estão em grandes bancos e só 5% estão em plataformas independentes.

“No Brasil, temos conseguido um relativo sucesso com pessoa física. Alguns investidores de alta renda já enxergam essa diversificação como um modelo positivo entre outros investidores institucionais. As fundações, que são as entidades fechadas de previdência, também já utilizam gestores independentes para cuidar dos recursos e no RPPS, que é o caso da Manaus Previdência, a gente começa a observar um interesse maior”, destacou.

Fechando o curso, coube ao especialista Ronaldo Borges tratar sobre “Como investir em títulos públicos”. Na sua abordagem, lembrou que esses títulos são os com menor risco no mercado. O risco de crédito, explica, é o risco de quem emitiu o título não honrar os compromissos assumidos na rentabilidade e no prazo. E os títulos do governo são os que representam menor risco de crédito, além de apresentarem boa rentabilidade.

“Ainda temos, no Brasil, juros bastante elevados que refletem na rentabilidade e liquidez desses títulos públicos, ou seja, é fácil comprar e é fácil vender. Então, a recomendação para regimes previdenciários, como Manaus Previdência, que tem compromisso de longo prazos previdenciários, são para aplicações nesses títulos, por serem bastante adequados em termos de rentabilidade, risco e liquidez”, finalizou.

Texto: Marcia Claudia Senna

Fotos: Karla Vieira / Semcom

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