PF prende Nejmi, irmãos Aziz por organização criminosa e proíbe senador Omar de deixar o país

 

Lindivan Vilaça- Freelancer

A ex-primeira dama do Amazonas, Nejimi Aziz foi presa nesta sexta-feira (19/07) durante a operação Vertex da Polícia Federal, um desdobramento da operação Maus Caminhos deflagrada em 2016 e que investiga a prática de crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa no desvio de mais de R$ 100 milhões durante a administração do marido dela, o ex-governador e atual senador Omar Aziz (PSD).

Além de Nejmi, a PF do Amazonas cumpriu mais oito mandandos de prisão temporária contra o ex-deputado Lino Chícaro, tres policiais militares e três irmãos do senador Omar, os empresários Mansur Aziz, Amin Aziz e Murad Aziz. Todos eles são investigados por receber dinheiro em espécie do esquema dissimulado por meio de contratos de aluguel e de compra e venda na pasta da Saúde do Estado com o Instituto Novos Caminhos.

De acordo com o coordenador da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Federal, Max Ribeiro, o senador Omar Aziz também é um dos alvos da operação Vertex e contra o ex-governador existe a proibição para ele não sair do Brasil até que as investigações terminem. A PF não informou se o passaporte do senador do PSD foi apreendido ou se Omar foi localizado. Em entrevista ao jornal Hoje da TV Globo, a assessoria do senador do Amazonas disse que Omar ainda vai se informar com seus advogados sobre a operação de hoje.

A operação Vertex foi desmembrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e está relacionada a outras operações, sendo elas a Custo Político, Estado de Emergência e Cashback, entrando também na quinta fase da Maus Caminhos. A ação federal apura o desvio de verba pública estimada em mais de R$ 100 milhões e já prendeu mais de 20 pessoas, dentre eles o ex-governador José Melo e a esposa dele, a ex-primeira dama Edilene Gomes. Atualmente os dois cumprem prisão domiciliar monitorados por tornizeleiras eletrônicas.

Coletiva – Durante quase uma hora de coletiva de imprensa realizada na sede da PF, o delegado federal responsável pelas investigações, Alexandre Teixeira, foi cauteloso ao informar que ao longo do processo de investigação foi comprovada que os alvos dos mandados de prisão recebiam com vantagens indevidas dinheiro de contratos superfaturados em vendas de imóveis e terrenos, além da compra e venda de carros de luxo.

“Desde quando o Instituto Novos Caminhos assumiu a gestão de algumas unidades de saúde do Estado, percebeu-se no avançar das investigações elementos como, documentos e conversas interceptadas de que haviam pagamentos de vantagens direcionadas ao agente público (ex-governador) na época, e também aos seus parentes, cujos fatos se adequam no crime de corrupção passiva, e também organização criminosa. Hoje, demos mais um passo nas investigações que visa responsabilizar também outras pessoas que estavam ‘abarcadas’ a esse grupo criminoso”, detalhou o delegado federal.

Um dos “abarcados” é o advogado e ex-deputado Lino Chíxaro, que já havia sido preso em outra fase anterior da operação Maus Caminhos.

Outra autoridade policial que também se pronunciou na coletiva foi titular da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Federal, Max Ribeiro, que interpretou que a função principal do agente público na época, tinha a ‘posição topográfica de caneta’ – ou seja, a de chefe do poder executivo.

“Os objetos de investigação remontam à época que o investigado (Omaz Aziz) era governador, sendo os fatos apresentados e por decisão do STF por entender que atualmente a pessoa exerce outro cargo público, resolveu devolver a Justiça Federal de primeio grau e, nesse momento após as investigações serem retomadas culminando na fase ostensiva das investigação , em que ainda complementando as hipóteses criminais delineadas no seu ‘escopo’ inicial, daremos também a oportunidade dos investigados prestarem seus esclarecimentos”, declarou.

Embora a operação Vertex tenha o significado de ponto mais alto ainda não se pode interpretar como sendo o centro das investigações um comandante, mas ela diz respeito a uma posição em que os objetos dos crimes eram praticados. “Havia ali um gestor que tinha o dever e obrigação de evitar que recursos públicos da saúde fossem desviados. O papel dele, seja por omissão ou por ação, possibilitou a prática desses ilícitos. E pelos indícios, parte desses recursos voltou para essas pessoas que se encontravam, topograficamente, na parte mais alta de poder e que possibilitou a prática desses crimes”, acrescentou Max Ribeiro.

Mandatos -Além do Amazonas a operação desta manhã foi executada também nos Estados de Brasília e São Paulo no qual estão sendo cumpridos 09 mandados de prisão temporária, 15 mandados de busca e apreensão, 18 mandados de bloqueios de contas de pessoas físicas e jurídicas (aproximadamente 92,5 milhões de reais), 07 mandados de sequestro de bens móveis e imóveis, expedidos pela Justiça Federal, que, após parecer do Ministério Público Federal, deferiu representação do Delegado de Polícia Federal que preside a investigação.

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