O inesperado nas eleições

A processo eleitoral não só tem elementos concretos, racionais e controláveis. Existem contingências, fatores inesperados que mudam completamente o resultado das eleições. A história recente do Brasil está cheia de exemplos, o principal deles, a facada que o atual presidente recebeu no meio da campanha, o que desmontou estratégias iniciais do candidato e de seus adversários. Dali pra frente, a campanha eleitoral não foi a mesma e o resultado todos sabem.

Nas eleições municipais, da capital Manaus, já aconteceram fatores externos ao processo eleitoral que também contaminaram as eleições e mudaram os resultados. Em 2004, o grupo político que estava controlando o governo estadual e a prefeitura de Manaus lançou uma chapa para vencer as eleições para prefeito. Amazonino Mendes prefeito e o vice era Bosco Saraiva, uma chapa que unia os caciques da política do Amazonas. Mas, uma operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) denominada “Albatroz”, contra o governo estadual, mudou os rumos das eleições, saindo vencedor Serafim Corrêa.

Um outro exemplo, nas eleições municipais de 2016, líderes políticos uniram-se entorno da chapa Marcelo Ramos/Josué Neto. As primeiras pesquisas da época indicavam vitória da candidatura de Marcelo Ramos, na simulação do segundo turno, placar que impedia a reeleição do desgastado prefeito Arthur Neto. Faltando alguns dias para o término do primeiro turno, a PF promoveu uma operação contra o desvio de dinheiro da saúde pública estadual, denominada de “Maus
Caminhos”, mudando o humor do eleitorado e o resultado final das eleições. Arthur mesmo desgastado, saiu vencedor.

Agora, em pleno processo eleitoral, véspera das eleições, novamente uma nova operação da PF, de combate à corrupção, autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) enfraquecendo a pré-campanha de nomes ligados ao grupo do governador Wilson Lima. Há ainda uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI funcionando no âmbito do Poder Legislativo, com o objetivo de investigar os quatros últimos governos do Amazonas.

As últimas pesquisas eleitorais indicam favoritismos de Amazonino e de David Almeida. Ambos são ex-governadores do Amazonas e podem entrar na mira da CPI da Saúde, fatos novos poderão ser revelados ou não.

Até o mês de novembro muitas águas vão rolar e outros impactos na disputa eleitoral deste ano podem acontecer. Vamos aguardar.

*O autor é sociólogo, analista político e advogado