Não deixem apagar a chama do nosso futebol

Por Dauro Braga*

Encheu meus olhos de alegria ver aquela multidão de aficionados por futebol assim como eu, encherem as dependências da nossa arena para assistirem ao jogo entre o Manaus Futebol Clube e o Caxias do RS cuja vitória classificou nosso time para a chave C do campeonato brasileiro, numa demonstração inequívoca de que o povo gosta de assistir bons espetáculos, principalmente quando nosso time tem amplas chances de ser o protagonista do mesmo .Uma multidão de quase 48.000 mil espectadores conseguiu propiciar a maior renda dentre todas relativas aos jogos realizados pelos times da classe C.

Aquela multidão alegre irmanada no mesmo sonho de vitória me remeteu ao passado, época em que nosso futebol era tão forte que chegamos a ter em alguns de nossos times, excelentes jogadores que devido a seu alto nível profissional, vieram a ser convocados à participar da nossa seleção brasileira de futebol. Como sinto saudades dos grandes embates entre Nacional/Olímpico na Colina, Rio Negro/Nacional, e tantos outros times de igual envergadura que não faziam vergonha ao torcedor amazonense. Dava gosto ouvir os comentários feitos por Belmiro Vianez, Nicolau Libório, Arnaldo Santos e Valdir Correia (o garotinho) através dos microfones da rádio Difusora do Amazonas narrando com perfeição todos os lances da partida. Apesar de não disporem dos recursos tecnológicos da TV, conseguiam com maestria passar com requintes de realidade tudo que estava acontecendo no campo, deixando ao ouvinte a sensação de estar presente ao espetáculo. Justiça embora tardia seja feita, o futebol amazonense deve a razão do seu sucesso ao saudoso Flaviano Limongi.

Senhores dirigentes da FAF, uma nova chama de esperança foi acesa pelo vitorioso time do Manaus Futebol Clube que através de uma gestão profissional e competente, demonstra aos gestores de nosso futebol que é possível renascer das cinzas e voltar com o mesmo vigor da águia para enfrentar o bom combate, mesmo quando esse é contra adversários mais fortes. Não deixem a peteca cair senhores dirigentes futebolísticos! Que a soma dos erros do passado possam servir de marco orientador das boas e profícuas ações para que sejam evitados os mesmos equívocos cometidos antes.

A destruição do nosso futebol começou quando as arbitragens manipuladas por forças ocultas que tinham interesses escusos, tudo faziam para que o título de campeão de futebol amazonense, ficasse entre Nacional/R, Negro. Num estudo preliminar que fiz através da Internet constatei que nos 23 anos que compreende o período de 1969/91, o Nacional foi campeão 12 anos e o Rio Negro 6. Sem tirar o mérito de ambas agremiações, apenas estranho que essa mesma situação não é verificada em nenhuma parte do mundo. Assisti estarrecido tomarem o campeonato do Olímpico para o Nacional em jogo decisivo do campeonato amazonense do ano de 1968. Ali mesmo fiz a jura de nunca mais voltar a um estádio de futebol no Amazonas. Essa sucessão de manipulações acabaram por exaurir as forças das demais agremiações que foram definhando uma a uma, sobrevivendo apenas o Nacional e o Rio Negro que não tendo mais com quem competir, foram definhando também. Prevaleceu a lei de mercado: Não é acabando com concorrentes que conseguimos nos tornar mais fortes.

Senhores dirigentes de nosso futebol, nesse momento em que temos a casa cheia de convidados para comemorarem o justo e merecido sucesso, resultado de um trabalho criterioso e diuturnamente planejado por uma agremiação que tem como meta a vitória, é chegado o momento de fazerem uma avaliação dos erros que estão sendo cometidos e aparar as arestas para que a disseminação deles não venham a destruir todo um trabalho que vem sendo executado. Eu falo da exploração vergonhosa que
vem sendo cometida nas dependências da nossa Arena, quando é permitida a venda de um simples copo d’água por R$ 5,00 e uma latinha de cerveja por 7,00, e o que é mais grave, sem a mínima observância dos mais elementares princípios de higiene. A ganância desmedida desses mercadores de oportunidades supera em muito a do sistema financeiro brasileiro. Alguém muito forte está tirando proveito dessa situação, pois os simples vendedores que carregam os isopores com a  mercadoria para a venda, não tem capital para bancar o atacado.

A organização das filas é um outro fato a ser observado, porque o que se viu foi a lei da força definindo a prioridade nas filas. Brutamontes violentos e mal-educados empurravam senhoras, idosos e crianças, sem se importarem com o estado de fragilidade dessas pessoas. Uma vergonha!

Senhores , são esses pequenos detalhes que fazem crescer a indignação do torcedor e afugentá-lo das
dependências dos estádios. Ainda há tempo para corrigir o rumo das coisas! Arregacem as mangas e partam para a luta, o futebol amazonense agradece.

*O autor é empresário aposentado ((daurofbraga@hotmail.com)

Qual Sua Opinião? Comente:

Deixe uma resposta