Mal de todos os males

Por Ronaldo Derzy Amazonas*

Assistindo como sempre assisto à série da TV fechada denominada Aeroporto que retrata o dia a dia das equipes de segurança e polícias especializadas atuando junto aos terminais de embarque de passageiros dos mais movimentados aeroportos do mundo, a gente chega à triste conclusão de que o tráfico de drogas é o mais deletério e cruel caminho para a degradação humana e todo o tecido social que esse crime alcança.
Jovens, adultos, idosos, grávidas, empresários, desportistas, profissionais liberais e outros, se lançam à sorte maligna de servirem de mula ou transportarem deliberadamente todo tipo de drogas ilícitas, principalmente cocaína, para com isso ganharem algum dinheiro como se isso fosse algo o mais normal e que não tivesse quaisquer implicações para a sociedade a partir da distribuição e do consumo ilegais mundo afora.

As cenas protagonizadas pelos transportadores de drogas flagrados nos aeroportos são as mais patéticas e bizarras possíveis com insistentes desmentidos, negações, resistências que ao final e ao cabo acabam em atitudes de choro e desespero numa confissão que quase sempre redunda em muito choro e lamentos.

Muitas situações em mim às vezes me causam sentimentos que misturam perplexidade, angústia, raiva e pena porquanto esses seres humanos na maioria dos episódios são usados pelos grandes traficantes apenas como objeto dos seus reais intentos que é o de ganhar mais e mais dinheiro em cima da infelicidade dessas pessoas e destruição dos lares mundo afora.

Nenhum traficante pensa no caos social, nenhum deles está preocupado com a degradação humana ou algum deles sente dó daqueles que transportam drogas. O que eles pensam única e exclusivamente é na expansão do tráfico, no aumento do consumo e na riqueza que esse comércio confere ao seu patrimônio.

A partir daí ou seja, da ganância dos traficantes, da ingenuidade dos transportadores e da infelicidade dos consumidores, uma gama de males humanos e sociais derivam gerando um verdadeiro caos na humanidade como presentemente assistimos com famílias destruídas, sistema penitenciário lotado de gente envolvida com o tráfico de drogas e um estado que a tudo assiste inerme sem o poder de reação e sem as políticas públicas adequadas para o combate a esse que considero o mal social de maior repercussão por sobre a sociedade.

Onde vamos parar temos exata noção; o que não sabemos é em que prazo de tempo se curto, médio ou longo a degradação social alcançará o ápice por conta do tráfico de drogas.

Té logo!

*O autor é farmacêutico bioquímico e diretor-presidente da Fundação Hospital Alfredo da Matta