Jornalista amazonense troca ideia com Minotauro e fala de sua aposentadoria no UFC

paulo e minotauro

Com exclusividade para o blog, o jornalista Paulo Ricardo Oliveira, que criou a coluna de lutas do caderno Craque, do jornal A Crítica, e hoje vive em São Paulo, fala de seu encontro com Rodrigo Minotauro, que acaba de anunciar sua aposentadoria do Ultimate Fight Championship.

Por Paulo Ricardo Oliveira, especial para o Blog do Hiel Levy

Demorou. Aos 39 anos e em linha decadente no recorte de oito lados do circo do MMA, Antônio Rodrigo Nogueira, o Minotauro, enfim, sai de cena.

Foi uma aposentadoria compulsória. Nas últimas cinco lutas que fez, Minotauro perdeu quatro. E, ainda assim, venceu um cara sem expressão chamado Dave Hermann. A penúltima derrota foi tão humilhante quanto devastadora para o baiano que, no geral, honrou o nome da cidade onde nasceu, Vitória da Conquista. No UFC Fight Night de Abu Dhabi, Emirados Árabes, em abril de 2014, Minota foi nocauteado logo primeiro round pelo gorducho Roy Nelson. O último golpe da sequencia (overhand) pareceu um tiro de AR-15 no queixo de Rodrigo, que tombou apagado. Madeeeiiiraaa!!!. Decretava-se o fim do lendário lutador baiano que sobreviveu a um atropelamento por caminhão aos 11 anos e venceu brutamontes do porte de Bob Sapp, de 170 quilos, no auge da carreira no extinto Pride (Japão). Minotauro insistiu e, de novo, foi derrotado, desta vez pelo gigante Stefan Struve no UFC 190, Rio, 1o de agosto, por decisão incontestável.

Minotauro era o seu maior adversário. Aliás, a vaidade dele. A idade, as sucessivas lesões, cirurgias no quadril, no braço, no joelho, a queda natural da performance, o cansaço de corpo, a evolução dos outros pesos pesados não o convenceram a parar na época certa. Ele precisava provar que não estava morto. Mas o fardo estava muito pesado neste final de carreira. Contudo, Minotauro escreveu uma história incrível dentro de fora do ambiente de luta. O conjunto da obra faz dele uma lenda viva do MMA.

Foram 46 pelejas, com 34 vitórias, dez derrotas, um empate e uma luta sem resultado. O carisma, o respeito aos adversários, a ajuda que deu e dá a lutadores iniciantes, entre os quais amazonenses, como Francisco De Assis, de Coari, são qualidades que reforçaram o convite para ser Embaixador de Relacionamento dos Atletas do UFC no Brasil. Minota, como não é besta, topou na hora. Vai lhe dar notoriedade agora fora do octógono.

Sou fã desse cara. Merece respeito pelo que fez. Quem gosta de luta vai reconhecer. Na Mitologia Grega, o Minotauro (metade homem, metade touro) vive em um labirinto a devorar quem o ameaça. Nada mais apropriado para o ato derradeiro do nosso Minotauro, que já “comeu muita gente na porrada”, mas nos últimos tempos tentava achar uma saída honrosa do labirinto.

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