Intolerância pós-moderna

Por Robson Roberto*

Ataques a monumentos históricos. Repressão. Massacres. Esses são alguns aspectos que trazem à luz uma discussão bastante importante na atual conjuntura contemporânea: a intolerância. A humanidade como um todo já está acostumada  a assistir episódios políticos, religiosos e sociais e demonstram essa atitude intolerante por parte de muitos, mas essa questão pede uma análise mais profunda de suas causas e conseqüências. Embora não seja algo inédito, a intolerância tem, hoje, razões bastante específicas que devem ser estudadas com cuidado.

Em primeiro lugar, é necessário analisar a “cultura do eu”, cada dia mais enraizada em nossa sociedade. Na contemporaneidade, o mercado de trabalho é extremamente acirrado e competitivo, fazendo com que as pessoas tenham que, constantemente, se atualizarem e se superarem. Focando em si próprio, e no seu crescimento pessoal e profissional, o ser humano acaba por incentivar o individualismo, um dos maiores males do mundo atual. Este faz com que se aceite menos o outro, suas diferenças e especificidades, principalmente quando se afastam daquilo que é tido como normal, ou até mesmo correto, tornando o homem mais intolerante.

Além disso, não podemos esquecer de considerar a questão dos pré-conceitos. Uma das mais marcantes características do mundo contemporâneo é a globalização que, embora traga muitos aspectos positivos, ela pode auxiliar a disseminar a intolerância. Com a ajuda da internet, há muitas idéias e informações difundidas indiscriminadamente para todos aqueles que têm acesso a ela. Dessa forma, muitos equívocos e ideologias deturpadas são espalhadas, ainda que não tenham uma relação direta com a questão inicial. Assim, as pessoas já enxergam certos assuntos com preconceitos, pois eles são vistos dessa maneira.

Portanto, fica bem claro que há diversos aspectos no mundo contemporâneo que fazem com que algo tão antigo quanto a intolerância tome formas catastróficas e até mortais. Cabe ao homem pós-moderno selecionar as informações que recebe, buscando saber o que é coerente ou não. Além disso, não devemos radicalizar nenhum movimento político, religioso ou social, pois os extremistas existem em todo lugar, mas são minoria, e não devem responder pelo todo que representam.

*O autor é urbanista, consultor, empresário e contabilista