A presidente regional do Partido Verde, Eliane Ferreira (foto), deve assumir hoje o cargo de secretária de Estado da Justiça e Cidadania, substituindo Arthur Zahluth Lins, que estava no cargo desde janeiro, quando o então titular, Clizares Santana, pediu exoneração alegando que seria candidato a deputado estadual. O atual ocupante do posto acumula a função com a Controladoria Geral do Estado, fato que já tinha gerado manifestação contrária do Ministério Público.

A Sejusc entrou na cota do deputado federal Silas Câmara (PRB) no início do Governo. As denúncias de manipulação política da pasta por evangélicos aliados do parlamentar, entretanto, desgastaram Santana, indicado por ele. O Governo então passou a monitorar a situação e evitar ao máximo que o órgão fosse usado para cabalar votos em favor do grupo. Depois de várias ameaças, o titular finalmente entregou o cargo. Só que, ao contrário do que divulgou, ele não vai disputar a eleição, uma vez que retornou à função que exercia antes de entrar para o primeiro escalão do Governo estadual. Reassumiu a gerência regional do Instituto Nacional de Seguridade Social, o INSS.

Desde o episódio, Câmara afastou-se do grupo liderado pelo governador Amazonino Mendes (PDT). A Sejusc controla os serviços de atendimentos móveis do Estado – o Pronto Atendimento Itinerante, mais conhecido como Barco PAI -, além de vários outros serviços públicos, o que gera grande interesse político no seu controle.

Antes da exoneração de Santana, a advogada Ana Almeida, secretária executiva de Finanças da pasta – que não era apadrinhada por Câmara – chegou a fazer vários relatórios encaminhados ao então chefe da Casa Civil do Estado, deputado Sidney Leite (PSD), denunciando as tentativas de manipulação política da pasta. Ela acabou pedindo para sair da função, ao perceber que suas denúncias não surtiam efeito. Em seu lugar, Amazonino decidiu colocar a ex-vereadora de Manaus, Mirtes Sales (PR), aliada do deputado Alfredo Nascimento.

Câmara já vinha contrariado desde essa época, mas evitou o rompimento formal com o Governo. Chegou a tentar emplacar a cunhada, Zanele Teixeira, no comando da Sejusc, mas Amazonino, temeroso por causa das denúncias, decidiu nomear Lins, para acumular a função com a de controlador.

Agora, entregando a pasta a outro partido, que não está sob o arco de influência de Câmara, ele contraria ainda mais o aliado, que está alinhado ao senador Omar Aziz (PSD), mas mantém alguns cargos no governo.