Fundador do PC do B, crítico do momento atual da esquerda, ex-secretário Ailton Soares morre em Manaus

Ailton Luiz Soares, que foi secretário de Limpeza Pública na primeira gestão de Arthur Neto na Prefeitura de Manaus e de Políticas Fundiárias na gestão do ex-governador e atual senador Omar Aziz (PSD) morreu hoje em Manaus, de causas não reveladas. Ele foi fundador no Amazonas do Partido Comunista do Brasil em 1979, mas já não pertencia mais à legenda. Era um crítico ácido do momento que a esquerda vive no Brasil.

Integrante do comitê que fundou o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) no Amazonas, em 1979, Aílton Luiz Soares via a legenda “perdendo força no cenário” local e nacional. Em entrevista ao site RealTime1, em 2022, ele relembrou a história do partido, avaliou a necessidade de recuperação do espaço político e a importância da militância.

‘Muitos militantes que criaram o PCdoB estavam dentro do MDB (partido no Congresso criado pela Ditadura Militar, que tinha do outro lado, mais à direita, o Arena). Houve as ‘Diretas’, depois em 1989 tiveram as eleições. O partido se viu dentro de outros desafios, outras discussões e acabou perdendo força no cenário. Hoje o PCdoB não tem a presença que merecia ter”, avalia.

Para Aíton Soares, faltou manter “a linha revolucionária”, o que, segundo ele, não ocorreu nos partidos equivalentes de outros países como Grécia, Portugal e México.

A esquerda como um todo também poderia ter avançado mais nas reformas, segundo o ex-militante. “Houve aquele momento com a eleição do Lula de dar ‘um passo adiante’, mas para confirmar as nossas críticas, o PT não se organizou para avançar (na pauta revolucionária) e levou o contragolpe”, avalia Aílton.

“O PT podia ter pensado com as duas pontas (avançando mais para o social enquanto acenou para o mercado). Não o fez e na hora do ‘pega-pega’ não teve como resistir, porque as massas não estavam nas ruas pelo partido”, defende Soares.

Para Ailton, o retorno sólido do PCdoB na política depende do refortalecimento da militância. “Como que a gente prepara isso? Em 1964 tinha a UNE [Unisão Nacional dos Estudantes], os centros acadêmicos. Você não ensina democracia dando aula, você vive a democracia, seja na UNE, seja nos grêmios estudantis”, destacou.

Foto do arquivo do sociólogo Lúcio Carril

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