FUAM: desde 1955

Se existe um orgulho que ostento e faço questão de proclamar sempre, é o de fazer parte dos quadros da Fundação Alfredo da Matta, casa de saúde, ensino, pesquisa e atividades de extensão, fonte do meu aprendizado profissional, da minha dedicação como gestor, e, sobretudo, do companheirismo impagável dos colegas servidores antigos e novatos.

Há quase quarenta anos milito na FUAM como servidor público junto com uma equipe de trabalhadores da saúde os quais fazem de tudo para que a missão institucional seja cumprida que é a de levar saúde de forma ética, comprometida e eficiente na área da dermatologia aos usuários do SUS.

Assisti outro dia uma aula inaugural da terceira turma de mestrado da FUAM proferida pelo Prof Sinesio Talhari predecessor e mestre de muitas gerações e, o que vi e ouvi, é de encher de orgulho todos aqueles que fizeram a Fundação Alfredo da Matta traçar a mais bela, segura e edificante trajetória institucional até alcançar o que é hoje saindo de uma simples casa de passagem onde os hansenianos eram triados antes de serem internados compulsoriamente nas colônias de isolamento.

Nem nome a instituição tinha e era conhecida apenas por ter como referência uma antiga mercearia de nome Casa Amarela situada nas esquinas das ruas Carvalho Leal e Codajás. Por isso que por anos a fio aquela antiga casa de passagem era conhecida tão somente como Casa Amarela inclusive como está registrado nos anais da nossa atual Fundação.

Apenas em 1955, com a morte no ano anterior do nosso Patrono Dr Alfredo da Matta, foi que a casa de passagem passou então a ostentar um nome próprio. Essa edificante trajetória desde o seu humilde nascedouro aliado à feliz escolha do nome do seu patrono, fazem com que a Fundação Alfredo da Matta escreva uma das mais belas páginas da história da saúde pública do Amazonas, quiçá, do Brasil.

Casa de passagem, Centro de Saúde, Centro de Dermatologia, Centro de Referência Macro Regional, Instituto de Dermatologia, Fundação, Centro de Referência Nacional, Centro Colaborador da OPAS/OMS, residência médica, mestrado, farmácia clínica do CEAF, biologia molecular, SAE, serviços de média e alta complexidade, programa de extensão, Projeto APELI, etc. definem bem o quanto de evolução gradual e segura perseguiu a FUAM nesses seus 64 anos de existência.

Para a comemoração desse aniversário a ocorrer no próximo de 28 de agosto, no primeiro ano da nossa gestão à frente da instituição, preparamos durante o mês de agosto uma vasta programação que vai desde a realização de eventos científicos, atividades lúdicas, celebração, cursos, seminários, simpósios e homenagens a ex servidores falecidos os quais tiveram seus nomes imortalizados em diversos ambientes e setores da instituição num justo reconhecimento a quem muito contribuiu para que a entidade alcançasse esse patamar de sólida credibilidade técnica e científica diante da sociedade.

Quantos governos, quantas gestões da saúde, quantas pequenas e enormes dificuldades atravessamos, quanta inveja atraímos, quanta perseguição sofremos, quantas carências enfrentramos, quantas divisões internas criamos, quantas incompreensões passamos, quantas dores compartilhamos, enfim, quantas barreiras ultrapassamos enquanto instituição até chegarmos aqui, que ouso dizer sem medo de errar: A Fundação Alfredo da Matta é maior, muito maior do que as dificuldades que ela enfrentou na sua existência!

Outro dia, durante a programação de aniversário da FUAM, rendemos homenagens a sete ex servidores os quais faleceram em pleno exercício profissional. Cada cantinho, cada ambiente ou cada setor dedicado ao nome desses servidores nada mais significa do que reconhecer que cada um e cada uma foi importante pelo que realizou e continua importante pelo belo exemplo que ainda frutifica nos dias atuais sobre todos nós que continuamos a cuidar técnica e profissionalmente da nossa instituição sustentando-a no patamar mais elevado que desde o início ela se posicionou e para o qual não haverá retrocesso, se, a atual geração de servidores assim lutarem e desejarem.

A agregação de novos serviços especializados e a ampliação de demandas técnicas e administrativas são os desafios atualmente enfrentados pelos servidores e pela gestão para os quais há que ser dirigido um olhar atento e especial do governo e sobretudo o uso da criatividade aliada à coragem e ao preparo dos servidores e gestores para que juntos busquemos os caminhos apropriados a fim de alcançarmos a consecução dessa jornada.

O hospital dia, a digitalização dos prontuários, a gestão digital com o prontuário eletrônico, a ampliação e revitalização da nossa sede, a criação e implantação da associação de amparo, a implementação do Projeto APELI e a ampliação do quadro de servidores, são medidas desafiadoras e urgentes a serem demandadas e, para tanto, iniciamos firmemente os contatos políticos e institucionais na direção da garantia dos financiamentos por meio de emendas parlamentares estaduais e federais e por meio de parcerias públicas e privadas a serem mediadas pela nossa futura Associação de Amparo à FUAM, com o que estaremos dando passos largos e seguros em direção à concretização do nosso plano de gestão 2019 a 2022 sempre com os pés firmes no chão, o coração pulsando de contentamento e a mente explodindo de ideias edificantes.

Somos movidos pelos desafios, fomos forjados na faina diária, lutamos as boas lutas e vencemos os bons combates.

Essas são as lições que extraímos cotidianamente e que nos impulsionam a continuarmos de pé em meio às dificuldades, senão, de nada valeria ostentarmos o nome do nosso patrono Alfredo da Matta médico, pesquisador, gestor e político que enfrentou dia após dia uma árdua luta contra a malária, contra a sífilis e contra a hanseníase em Manaus e nos rincões do nosso interior e nem por isso deixou-se abater pelas dificuldades logísticas, financeiras, técnicas e políticas as quais enfrentou.

Que o exemplo do Dr Alfredo da Matta continue a nos orientar e dirigir para que honremos a sua memória e continuemos a missão a nós confiada que é fazer saúde pública com excelência técnica, com competência e com denodo profissionais sem olvidarmos do compromisso ético de servidores públicos que somos para com nossos usuários.

Como diz a célebre frase de um poeta espanhol:”Caminhante, não há caminho, o caminho se faz a caminhar.”. Então que sigamos firmes assim: que nosso passado institucional seja o sol a nos iluminar o caminho para que nos espelhemos nesse passado não pelo que tivemos de rosas porém pelos espinhos que pisamos os quais nos calejaram os pés para o cumprimento firme e permanente da nossa missão.

Té logo!

Sds Ronaldo Derzy Amazonas