Encontrei um tesouro

Dias antes do início da Quaresma, abençoado período em que nós os católicos somos convidados a nos recolhermos em silêncio, mergulharmos em orações e reflexões, praticarmos o jejum, a penitência e a caridade preparando-nos para a Páscoa, minha amada esposa Elaine me propôs que fizéssemos juntos a Consagração a São José. Foi um abençoado convite e uma santa inspiração!

Os exercícios espirituais, as orações, ladainha e textos preparatórios, estão dispostos em um belo e esplendoroso livro denominado Consagração a São José – As glórias do nosso pai espiritual, de autoria do padre americano Donald H. Colloway.

São 33 dias de leitura de textos e orações, tempo que significa o período em que São José conviveu com seu filho Jesus na terra.

Simplesmente estou maravilhado e de certa forma frustrado por ter descoberto tardiamente um verdadeiro tesouro que é São José, santo homem de Deus, que se encontrava à minha frente e nas minhas invocações porém, sem a importância devida.

Desafortunadamente, São José também passou desapercebido até da própria liturgia e dos estudos teológicos da igreja católica e, a importância que se dá hoje tardiamente ao Patriarca da família e da igreja, só ganhou interesse há menos de sete décadas com a firme determinação do Papa São João XXIII em afirmar mais claramente a devoção a esse extraordinário santo, pai da trindade familiar de Nazaré composta, além dele, também por Maria e Jesus.

A partir de Santa Tereza d’Avila no século XVI muitos outros santos, místicos, papas, teólogos, acadêmicos e leigos, dedicaram-se a aprofundar de modo mais claro e teológico a importância de São José para a história e a evolução da igreja, porém, tudo ficou muito escondido.

São José permaneceu por séculos quase oculto em importância para a igreja católica.

Somente no início da década de 1960 nos primeiros dias do Concílio Vaticano II é que o Santo Papa João XXIII decidiu colocar o nome de São José no cânon romano da missa.

Mas não foi fácil essa inclusão!

O Concilio Vaticano II ocorreu sob o pontificado do Papa João XXIII, e este, dedicou espiritualmente a São José, todo o sucesso desse significativo evento para os rumos da Igreja católica.

No início do Concílio, durante a apresentação de um bispo chamado Petar Cule, este iniciou sua pregação exortando a igreja a incluir o nome de São José no cânon romano(orações, normas e instruções do Missal Romano insertos na Oração Eucarística I).

Idoso, muito prolixo e extremamente nervoso, este bispo perdeu-se em meio ao seu visível nervosismo e foi objeto de sarcasmo e admoestações por parte dos demais presentes e teve que interromper sua apresentação.

O Papa João XXIII estava assistindo a apresentação pelo circuito interno de TV e reagiu com veemência ao episódio pois conhecia profundamente o Bispo Cule que tinha sido perseguido pelo comunismo da Iugoslávia, foi preso, torturado e colocado em um trem lotado de cristãos propositalmente descarrilado.

Nesse acidente o Bispo Cule teve os ossos da bacia dilacerados, passou grande tempo internado num campo de concentração e, a partir daí, sofria de crises de ansiedade e nervosismo.

O Papa João XXIII sabia que o Bispo Cule precisava dar um testemunho de que sua vida tinha sido poupada por intervenção de São José. Portanto, ali no Concílio, era a oportunidade de ouro que o Bispo Cule teria para não somente falar sobre sua devoção mas, principalmente, dar o destaque merecido a São José no seio da liturgia e da teologia católicas.

Nesse episódio, o Papa João XXIII foi às lágrimas e todo o ocorrido o motivou a decidir-se pela inclusão do nome de São José no cânon da missa que o fez três dias após a apresentação do Bispo Cule.

A partir daí, o nome do pai da igreja, protetor das famílias e pai da trindade terrena, foi inserido na liturgia eucarística ao lado do nome de Maria, antes dos apóstolos, pontífices e mártires, com a devida importância que sempre deveria ter tido desde antes.

Mas, quem definitivamente compreendeu a verdadeira dimensão e ensinou os católicos a venerarem e dedicarem a São José as honras que ele merece foram os papas Bento XVI, São João Paulo II e mais recentemente o Papa Francisco.

Esses santos homens de Deus determinaram-se a incluir o nome de São José nas quatro orações eucarísticas o que foi finalmente concluído no ano de 2013.

Foi o mais significativo e justo resgate histórico e teológico que a igreja católica promoveu na sua existência desde a reabilitação de nomes de santos e santas injustamente condenados à morte e ao ostracismo durante a inquisição romana.

Não são poucos os nomes de papas, santos, doutores da igreja, beatos e místicos, a venerarem e dedicarem a São José a mais extremada importância que ele tem no seio da igreja católica.

Todos esses escreveram, dedicaram-se e reconhecem em São José a verdadeira alegria e dimensão do que é ser o patrono da igreja e protetor do filho de Deus, e, aprenderam com ele, não só os ensinamentos da humildade, da serenidade e da obediência, mas, sobretudo, da confiança e temor e tremor das coisas de Deus.

Os textos bíblicos pouco se referem sobre a vida de São José. Mas esse pouco, revela enormemente a personalidade, o caráter, a honradez, a determinação e a serenidade desse santo homem.

São José era extremamente obediente às coisas do alto. Não hesitou em nenhum momento ao ouvir  em sonhos por três ocasiões as determinações divinas feitas pelos anjos de Deus.

Nessas três destacadas passagens José apenas ouve o chamado de Deus por meio do anjo e obedece.

Ouve e obedece a Deus para desposar Maria.

Ouve e obedece prontamente a Deus e sequer pergunta à Mãe do filho de Deus e sua fiel esposa se ela toparia seguir com ele para fugirem de Herodes e depois novamente ouve e obedece a Deus para retornarem para a Galiléia estando a salvos da perseguição.Como filho de Davi e escolhido de Deus, São José apenas ouve e obedece.

De descendência patriarcal da casa de Davi, esse carpinteiro assumiu a paternidade putativa do Filho de Deus, protegeu a família de Nazaré, criou o Deus encarnado e conviveu com Jesus animando-o, encorajando-o, acompanhando-o e educando-o.

E isso não é tudo e nem é pouco!

São José representa a figura humana e santa que, depois de Maria, mais está próxima de Deus.

O pai terreno de Jesus é o dignitário da mais alta honraria e do mais elevado lugar reservado pelo Criador pois a ele foi confiado cuidar e proteger o maior tesouro que é o próprio filho de Deus aqui na terra.

Assim como outro José, o do Egito, a quem o faraó confiou toda a riqueza alimentar para livrar a humanidade da fome, a São José, Deus confiou guardar a riqueza mais imensurável que é o pão descido do céu até hoje presente em nosso meio em forma de eucaristia que sacia a fome espiritual da humanidade.

Aprendamos, pois, com esse inspirado texto do Padre Donald Colloway no seu livro Consagração a São José de onde fui beber na fonte para escrever esse artigo, a cada vez mais venerar, admirar e confiar no esposo da Mãe de Deus a nossa proteção e refúgio mormente nos momentos mais difíceis da nossa existência.

A São José os doutores e teólogos da igreja católica dirigiram estatutos os quais reservaram a ele uma distinção especial que nos ajuda a compreender a especial reverência a São José.

Apenas Deus é digno de adoração. Isso se chama latria.

Abaixo de Deus vem Nossa Senhora a quem veneramos. Isso se denomina hiperdulia.

Depois de Maria vem São José a quem dedicamos uma especial veneração chamada protodulia ou primeira veneração.

Não menos importantes vêm os Santos a quem devotamos a dulia ou reverência.

Por aí se pode imaginar a devida importância que tem São José para nós católicos no cenário dos Santos e santas de Deus.

A esse prodigioso Santo de Deus, principalmente nós os homens, os trabalhadores, pais e sustentáculos das nossas famílias, precisamos devotar todo nosso fervor e confiança e nos mirarmos e nos inspirarmos para cada vez mais o termos como modelo de virtudes, de virilidade, de obediência, de constância e sobretudo de dedicação às nossas famílias.

Que São José seja símbolo e espelho para nossas boas atitudes na passagem terrena.

Sugiro aos meus abençoados leitores a mergulharem com profundo ardor no conhecimento, crença e veneração a São José e estarão no colo e sob a proteção do pai do Deus encarnado e, ao mesmo tempo, descobrirão um verdadeiro tesouro para suas vidas como eu, ainda que tardiamente, descobri.

Tenho certeza absoluta que todos quantos irmãos e irmãs fervorosos participantes de grupos de oração e dignos membros de

movimentos e pastorais da igreja católica que quiserem crescer no conhecimento sobre os santos e se dedicarem a aprender sobre a vida de São José, estarão dando um passo significativo no exercício da fé e experimentando mais e melhor como buscar aproximar-se de Jesus e de Maria por meio do Patriarca da igreja e consequentemente rumando para a salvação junto de Deus.

Nós, católicos, rendamos graças ao Pai Criador por nos ter dado santos e santas para servirem de modelos e nos inspirarem todos os dias a vivermos uma vida regada de fé e de confiança.

Rezem comigo a oração a São José:

Ave José, filho de Davi, homem justo e virginal, a sabedoria esta convosco.

Bendito sois vós entre todos os homens e bendito é Jesus o fruto de Maria vossa fiel esposa.

São José, digno pai e protetor de Jesus Cristo e da santa igreja, rogai por nós pecadores e obtende-nos de Deus a Divina sabedoria, agora e na hora da nossa morte, amém!

Glorioso e castíssimo São José, rogai por nós!

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