O show foi pirotécnico. E os protagonistas foram os “300 picaretas com anel de doutor”, como Luiz Inácio Lula da Silva se referiu à maioria dos deputados federais, ainda na década de 90, e o grupo Paralamas do Sucesso eternizou em uma música. Com 367 votos a favor, 137 contra, sete abstenções e duas ausências, a Câmara Federal admitiu que  processo de impeachment da presidente Dilma Roussef siga para o Senado, que pode afastá-la por 180 dias e concluir depois o processo. É difícil reverter a decisão e pode-se dizer que a mandatária deve deixar o cargo definitivamente.

A bancada amazonense votou unanimemente a favor do impeachment, inclusive o deputado Alfredo Nascimento, cujo voto era contado como contrário.

Boa parte dos deputados contrários ao impeachment fez questão de ressaltar que não aceitava que o processo fosse comandado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), réu de processo no Supremo Tribunal Federal por corrupção. Ele foi um dos principais artífices do resultado final, junto com o vice-presidente da República e seu correligionário Michel Temer, que deve assumir o governo após o afastamento de Dilma.

A maioria dos votos favoráveis ignorou a ausência de crime de responsabilidade. Os deputados, em sua grande maioria, preferiram jogar para a plateia, homenageando familiares. Alguns, inclusive Cunha, usaram o nome de Deus.

As atenções agora se voltam para o Senado, onde o afastamento não deve encontrar dificuldades.