Ela nasceu na Cachoeirinha e vai disputar a Olimpíada jogando polo aquático

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Por Paulo Ricardo Oliveira, de São Paulo
Atacante da seleção brasileira feminina de polo aquático, a amazonense Lucianne Barroncas, 28, a Luh, seria a atleta local mais próxima de uma medalha nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, cuja abertura é dia 5 de agosto.

Ainda assim, o tão sonhado pódio em casa está distante, uma vez que, entre as oito seleções que disputam a modalidade, o Brasil é o oitavo do ranking. Os Estados Unidos são as mais fortes e favoritíssimas ao ouro no polo aquático feminino, que pela primeira vez será disputado em uma Olimpíada. Pé no chão, Luh, que hoje está na cidade de Bilbao, na Espanha, onde disputa uma fase de amistosos preparativos contra as donas da casa e a Itália, é categórica ao avaliar as possibilidades de medalhas do Brasil no Rio. “Não somos favoritas a medalhas. Somos a oitava seleção e temos que superar nossos limites para tentar ganhar pela primeira vez das sete que estão à nossa frente nos Jogos. Acho que não temos nada a perder e esse pode ser um ponto positivo a nosso favor, além, é claro, de jogar em casa com apoio da torcida”, considera a atleta, que era nadadora até 2008, quando parou em razão de sucessivas lesões, alergia a cloro e artrite reumatoide, migrou para o polo aquático, foi aprovada em um teste no clube Pinheiros, de São Paulo, onde mora faz cinco anos, voltando ao esporte competitivo em 2011, até ser convocada à seleção brasileira. “Não gosto de falar sobre lesões e esses problemas. O mais importante é que estou sendo muito bem acompanhada e fazendo todos os tratamentos necessários nesta reta final para chegar 100% nos Jogos”. De Bilbao, Luh, que cresceu no bairro da Cachoeirinha, zona Centro Sul de Manaus, falou com exclusividade ao blog via WhatsApp:
Blog – Qual a sua análise sobre o potencial da seleção brasileira feminina de polo aquático nas Olimpíadas?
Luh – Nós evoluímos muito nos últimos três anos competitivamente com a chegada do técnico canadense Patrick Oaten. Nós nem classificávamos às oitavas nas competições anteriores, em 2015, no mundial de Kasan, na Rússia, ficamos em oitavo lugar. Foi uma evolução imensa e estamos nessa crescida em termos competitivos. A expectativa é evoluir ainda mais e ter uma bela performance nas Olimpíadas. Mas não somos favoritas a medalhas.
Blog – O Brasil vive um momento ruim na economia e certa instabilidade política que afeta todos os Estados. Não obstante, as Olímpíadas acontecerão sob uma atmosfera de caos no Rio de Janeiro, com a ameaça do Aedes Aegypti, índices absurdos de violência na cidade, bactérias duas mil vezes acima da quantidade permitida na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde acontecem a canoagem, poder de ingerência dos traficantes, e até possibilidade de terrorismo, conforme o serviço secreto. Quais suas considerações sobre esse quadro na Cidade Maravilhosa?
Luh – Todos sabemos que as condições não são as melhores do país. Em 2014, antes da Copa do Mundo, vivíamos uma onda de manifestações, insatisfações populares. Existia um receio que isso fosse atrapalhar a competição no Brasil. Mas no final conseguimos realizar um evento de forma incrível. Acho que será assim também nas Olímpiadas.
Blog – Você tem algum ritual para se concentrar ás vésperas das competições?
Luh – Gosto de assistir a vídeos de jogos que fizemos contra o adversário, no caso de já ter jogado contra ele, para mentalizar os pontos negativos e positivos do adversário e me focar no que tenho que fazer. No dia do jogo, gosto de manter o máximo de concentração ouvindo música.
Blog – Explique as motivações que a levaram migrar da natação para o polo aquático…
 
Luh – Parei de nadar em 2008, por conta de uma lesão. Fui para Brasília (DF) como treinadora de natação com um grupo de cinco integrantes da seleção brasileira. Já havia tido contato com o polo aquático em Manaus, quando ainda nadava. Comecei a praticar no mesmo clube que eu trabalhava em Brasília. Gostei e fui evoluindo rapidamente até que entrei em contato com o técnico do Pinheiros, em São Paulo, Roberto Chiappini, para fazer um teste. Fui aceita e voltei para esporte competitivo em setembro de 2011”.
Blog – Você vive somente do polo aquático?. Há salário no Pinheiros, patrocinadores de Manaus, de SP, apoios?
Luh – Não tenho apoio desde 2006 da prefeitura, governo do Amazonas ou empresas de lá. Vivo hoje do esporte graças ao clube Pinheiros. Como atleta da seleção brasileira, recebo o bolsa-atleta da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Blog ´Você pretende voltar a Manaus para desenvolver algum projeto no pólo aquático?
 
Luh – Hoje Manaus não é uma opção para mim. Sempre tive vontade de fazer o esporte alavancar na minha cidade. Mas há muita coisa que precisa ser mudada para conseguirmos fazer o esporte em geral crescer não somente em Manaus, mas no Norte do país como um todo. Há muita falta de incentivo, de estrutura para o atleta em geral. Mas pretendo atuar no meio esportivo quando parar de jogar.
Blog – Com que frequência você vai a Manaus?
Luh – Sempre que dá vou visitar minha família, Eu gosto de Manaus, Mas só quando consigo uma folga, o que não acontece com muita frequência (risos).
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