De costas para a frente

Por Ricardo Gomes*
Impressiona como parece que cada vez mais há um tipo de culto ao bizarro, onde, desde Roma, como muito bem percebido por Cícero, a grande massa sempre foi apaixonada por Circo e pão, necessariamente nessa ordem.

Por terras tupiquins, no século passado, por conta da Copa do mundo de 1970, ficou a famosa a frase : “… O futebol é o ópio do povo“, lá se vão quase meio século e a tecnologia só fez ampliar a quantidade de tipos de tipos de ópio, que diversificaram o leque de possibilidades de delírio .
Analisando os fatos, dentro do meu livre direito de pensar e me expressar, nos últimos dias, notei que chama mais a atenção da turba, um fato manipulado, como é visivelmente está ocorrendo nos debates divorciados do mais raso conhecimento técnico sobre Administração Pública, no tocante ao contingenciamento de despesas não obrigatórias, que é regra derivada da Norma (Lei de Responsabilidade Fiscal), com ressalvas aos fatos de que:
A) Não ocorreu só em um Ministério (no da Justiça está ainda mais forte);
B) Não é a primeira vez que ocorre no Brasil (memória fraca da turma), e nem será a última; e
C) Não é definitivo, nem irreversível, e está atrelada às uma relação lógica de limites de despesas ligados às arrecadações (Receitas).
Tudo propositalmente distorcido para dar às opinião pública (muito) menos esclarecida que há “cortes de verbas” (?), quando isso não é verdadeiro, porém a massa manipulada é capaz de soltar Barrabás e xingar a Moisés na saída do Egito.
Sinceramente o lamentável nessa história tragicômica, é não ver “contingenciamento de receitas“, em face do binômio : aumento das despesas (obrigatórias e variàveis) / queda de arrecadação nos municípios Amazonenses, onde impera uma mistura perversa de despreparodescontroleinércia dos Orgãos de Controle (Câmaras e Tribunais de Contas); e má fé, de de vários gestores, que mesmo com ruas esburacadas, água de péssima qualidade, iluminação pública precária, transporte escolar inexplicavelmente caro e mal feito, saúde caótica, gastam horrores (sem licitar), contratando cantores e atrações de gosto, no mínimo duvidoso, à peso de ouro, para a mesma população, faminta e mal cuidada, que aplaude seus algozes, em “Festas do interior”, que são, na verdade um Circo de Horrores, tal qual Hienas.
Na outra ponta e ao mesmo tempo, dia 15/05, em Brasília, foi criada, no Congresso Nacional, a Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia, com adesão imediata de mais de 200 Parlamentares, de todas as agremiações partidárias, que finalmente deram um passo concreto, histórico e significativo, que vai muito além do histórico perfil ecochato, visto nas últimas décadas, que, na prática, nunca não fez nada pela região, que permanece isolada, com a BR-319 parada, com bilhões de minérios por explorar (com critérios) e com uma visão global xiita, propositalmente feita para interesses de terceiros, que jamais vieram à Região, de “pulmão do mundo”.
É realmente lamentável ver que uma mesma juventude, avaliada com Notas Zero na redação do ENEM, vale dizer: todos os anos, há vários anos, saia às ruas, em sua esmagadora maioria, sem o mínimo de conhecimento sobre o motivo da “manifestação” e seja incapaz de escrever uma única resenha sobre a importância dessa Frente que vai preservar a vida dos moradores da Região Amazônica, com medidas não só ambientais, mas sociais, econômicas, educacionais e humanas .
Triste é ver alguns personagens formadores de opinião, na nossa Região, carente de tudo, com várias cidades entre os piores IDH do Brasil, “pegando corda”, teleguiados por debates estéreis do Sul / Sudeste, que além de não resolverem nada por aqui, nas terras dos jaraquis, vários se pronunciando sem nenhuma razão técnica, enquanto poderiam estar unindo forças e mentes, para darmos munição aos temas e projetos que podem preservar nossa economia, nossos empregos e a qualidade das nossas vidas.
*O autor é advogado, professor universitário e consultor