Caminho Para Impunidade

Em se falando de prerrogativas de um parlamento brasileiro sem moral, eu não acredito em CPI!
Eu não confio em quem propõe uma CPI!

Eu desconfio seriamente de um parlamento que cria e implanta uma CPI!
Também tenho sérias restrições com políticos que têm medo de CPI!
Pra início de conversa, se CPI fosse o caminho adequado pra investigar alguém ou alguma gestão e alcançasse os resultados esperados, não teríamos selas vazias nas penitenciárias estaduais e federais.
Me apontem, honesta e sinceramente, uma CPI federal ou estadual que deu certo? Umazinha só que colocou um corrupto na cadeia? Citem somente uma que foi conduzida com seriedade e sem paixões eleitoreiras?
A história das CPI nos parlamentos brasileiros forma um verdadeiro novelo de desmandos, de aproveitamento pessoal e de palanque eleitoral para muitos e produz gastos absurdos de dinheiro público que não justificam os pífios resultados.
Eu não estou a falar dessa polêmica CPI da CoVid aberta no Senado Federal.
Eu não estou me referindo a uma CPI que cumpriu todos os requisitos para instalação desde o número adequado de assinaturas, de motivação e de objeto.
Eu estou falando mal e muito mal, é do contexto em que senadores da república que tem muitas outras questões sérias e importantes para analisar, discutir e aprovar. Quero me referir ao momento inadequado e inoportuno em que vetustos parlamentares insistem em implantar uma CPI pra discutir uma pandemia e seus desdobramentos.
Essa Comissão Parlamentar vai devolver a vida de milhares de brasileiros? Ela vai resgatar os bilhões desviados da saúde? Vai restaurar a economia em frangalhos? Vai acelerar a vacinação? Vai ajudar no combate à pandemia? Vai colocar na cadeia aqueles e aquelas que não se comportaram bem na condução dos processos econômicos, políticos e sanitários durante a pandemia?
Todas as respostas são um sonoro NÃO!
CPI boa em parlamento sério é CPI que não precisa ser instalada, posto que se os nobilíssimos deputados, senadores e vereadores cumprissem seus papéis fiscalizatórios sobre os poderes executivo e judiciário, os desvios de conduta e de dinheiro público seriam praticamente zero.
CPI séria, proposta por gente séria e preocupada com o futuro do país e com as finanças públicas, é aquela que não atende a interesses políticos menores pessoais e paroquiais e que nasce e se impõe, para apresentar soluções e sugestões de modo a ajudar sobre o tema proposto.
Particularmente, para mim, essa CPI da CoVid já nasce maculada e viciada pelas seguintes razões: proposição tardia, preocupação exagerada dos seus defensores em implantá-la num momento e num ambiente totalmente impróprios, imposição de funcionar de modo virtual, completa polarização política no país, entre outros motivos.
Para completar esse caldo amargo de cultura em que se inoculou e se cultiva essa CPI, vem a malfadada intromissão do STF em questões internas do poder legislativo obrigando o senado por meio de liminar a iniciar seu funcionamento.
Essa decisão era tudo o que não se precisaria nesse momento delicado da vida sanitária e política nacional, o que implica em esticar mais ainda o cabo de guerra entre poderes e que gera turbulências desnecessárias quando o que mais se pede é sensatez e equilíbrio.
Com tanto poder que o STF tem demonstrado ao longo do tempo quer monocrática ou colegiadamante falando, será que não está na hora de algum super ministro decidir liminarmente pela extinção da pandemia do novo coronavírus?
Pobre povo, pobre nação e pobre país que depende de um parlamento com essa visão estreita e oportunista, que vive sob um judiciário cujos membros extrapolam os limites das suas prerrogativas e de um presidente da república que, acuado pelos seus próprios erros, não faz nenhuma questão de demonstrar humildade ou reconhecer que em falhado no trato com a pandemia.
Estender as mãos para apaziguar os ânimos e encontrar as soluções que o momento impõe, seria encarado como um gesto de grandeza e com enorme significado político que nossas autoridades dariam nesse momento e ambiente de extrema fragilidade que atravessamos.