Aparições de N. Senhora em Cimbres (I)

Como prometi em nota de rodapé do último artigo, hoje falarei de uma maravilhosa experiência de religiosidade que vivenciei semanas atrás.

Fomos, eu e Elaine, em uma peregrinação ao distrito de Cimbres pertencente ao Município de Pesqueira no estado de Pernambuco.

Era um plano antigo, desde que ouvimos falar das aparições de Nossa Senhora nesse lugar.

Cimbres é uma expressão portuguesa que vem a ser um arco ou abóbada de madeira ou cimento.

É uma especie de sustentação de quaisquer elementos arquitetônicos de uma ponte, torre, capela ou um simples nicho usado para acomodar uma imagem sagrada.

A pequena vila de Cimbres, fica distante de Recife mais ou menos trezentos quilômetros e está cravada numa serra rochosa de Orurubá dentro de uma área federal indígena da tribo Xucuru.

Sua população pobre, com pouco mais de oito mil moradores, é majoritariamente indígena que vive da agricultura e de poucas outras atividades voltadas para o área dos serviços.

A cidade de Cimbres leva esse nome há mais de trezentos anos, e, o que aconteceu no ano de 1936, jamais pode ser tratado como coincidência e sim algo verdadeiramente extraordinário do ponto de vista da fé e da religiosidade humanas.

De todas as aparições de Nossa Senhora aos homens, Sua presença em Cimbres experimentada por duas meninas, seja talvez a que mais ficou marcada por dúvidas, atitudes de abafamento por parte das autoridades eclesiásticas e por perseguições às videntes, seus familiares e ao povo humilde da vila.

Contraditoriamente, os textos, biografias, diários e as anotações de um minucioso estudo investigativo da época, mais que comprovam as aparições, porquanto, relatados pelas videntes durante prodigioso trabalho de um padre alemão destacado pela igreja católica como inquisidor para aprofundar as investigações.

Resumidamente falando, tudo começa no dia 06 de Agosto de 1936, festa da Transfiguração do Senhor no calendário litúrgico católico.

Duas meninas indígenas de 13 e 16 anos, as Marias da Luz e da Conceição, de famílias diferentes porém moradoras da mesma casa, estavam no exercício de tarefas da roça no terreno pertencente ao pai da primeira.

Com temor do cangaço de Lampião que à época invadia os sítios e fazendas para roubar e matar, as meninas apelaram para Nossa Senhora.

Nesse instante, milagrosamente, a imagem de uma mulher carregando no colo uma criança, apareceu no cume de uma rocha e passou a manter contato visual e verbal com as mesmas.

Era uma mulher belíssima vestida de uma túnica bege, um manto azul que cobria até os pés com adornos dourados que o enfeitavam as bordas.

Nossa Senhora aparecia em uma espécie de “janela” gravada como uma mancha branca na rocha e existente até hoje.

Alcançar o local exato das aparições não é tarefa fácil. O caminho é pedregoso com declive acentuado e uma subida de tirar o fôlego em meio a uma vegetação rústica própria da região atravessando ainda um córrego com uma bela cachoeirinha de águas límpidas.

Assustadas, as duas crianças correram até em casa para contar o fato, e, o pai de Maria da Luz, acompanhou-as até ao local onde novamente mantiveram contato com Nossa Senhora.

A fim de tirar dúvidas sobre a aparição, porque não conseguia enxergar a imagem e nem ouvir nada, o pai pediu então que as meninas fizessem algumas perguntas à mulher.

Ao indagarem de quem se tratava a resposta veio imediata:-Eu sou a Graça!

A partir daí, Nossa Senhora apelou para que as meninas e o povo fizessem orações e praticassem a penitência.

Além disso, Nossa Senhora para dotar de credibilidade sua manifestação quase presencial, aquiesceu às crianças que trouxessem um padre até ao local.

O sacerdote que na época servia às comunidades circunvizinhas era o Padre José Kehrle, alemão de nascimento, devotíssimo da Mãe de Jesus e homem bastante preparado na fé e no trato com o povo humilde e fiel às coisas coisas de Deus.

Diante das circunstâncias extraordinárias, notadamente por ser um local ermo e de povo pobre, as dimensões sobre as aparições extrapolaram e muito os limites geográficos, alcançando as autoridades eclesiásticas as quais, por prudência, impuseram o silêncio como soi ser nesses casos.

Além do mais, a corrida de muita gente ao povoado e a agitação que trouxe os fatos, provocaram operações polícias e medidas políticas que redundaram na prisão do pai de uma das meninas.

Humilde e obedientemente, os pais e as meninas videntes recolheram-se em casa aos afazeres do dia a dia.

Eles guardavam no coração e na alma a certeza quase profética de que tudo aquilo era obra de Deus para suas vidas apesar do sofrimento e da dor impostas pelas seguidas e injustas perseguições.

No próximo artigo tratarei do que sucedeu nas mais de quarenta aparições de Nossa Senhora da Graça no mesmo local.

Falarei da estonteante história das oitenta perguntas em alemão e latim feitas pelos Padre Kehrle e seu irmão de sacerdócio, Padre Estêvão, e respondidas em português por Nossa Senhora às meninas e dos milagres e prodígios que ocorreram e ainda acontecem por lá.

Nossa Senhora da Graça, dai-nos a graça de ver Jesus.

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