Amazônia, adeus?

Por Edilson Martins*

Artur Virgílio, prefeito de Manaus, já foi líder do Governo FHC no Congresso Nacional, senador da República e hoje pertence a um partido que derreteu.

E não foi por falta de seus avisos.

Talvez tenha sido o último dos moicanos, já que nestas últimas eleições, isolado, cantou a pedra que o PSDB iria pagar um grande “mico”.

Bastaria insistir, como de fato fez, na velha política, a política do pessoal do pântano, com a qual o partido reproduziu o lulopetismo.

O partdo provou o doce veneno da corrupção, revelou-se tão corrupto quanto os que acusava – Aécio Neves, Eduardo Azeredo, Beto Richa, – e foi, sumariamente, reprovado nas últimas eleições.

A cidade que ele dirige – Manaus – continua perseguida pela indústria do Sul Maravilha, incapaz de compreender a importância geopolítica, social, ambiental do PIM no que toca a uma das regiões mais cobiçadas do mundo.

O Polo Industrial de Manaus é objeto permanente de esvaziamento, trucidamento.

Hoje, praticamente um Frankenstein, tantas as intervenções e o olhar míope da prevalência do Sul Maravilha, dominante.

– É inteligente, pergunta Artur, deixar morrer o instrumento que povoa fronteiras, alimenta milhões de brasileiros, mitiga as consequências perversas do aquecimento global?

– É sábio permitir que o desespero de legiões de pessoas deserdadas desmonte o equilíbrio da região desses rios, que serão vitais para o planeta já nas próximas décadas?

O Governo da República que ora se instala parece ter pressa em cumprir promessas de campanha, principalmente àquelas que favorecem e isentam os crimes do agronegócio, da mineração, e fornecem atalhos rápidos e generosos para suas ambições.

Talvez valha a pena ouvir Artur; ele não costuma jogar conversa fora.

*O autor é jornalista