Amazonas realiza primeira radiocirurgia cerebral pelo SUS

A primeira radiocirurgia cerebral pelo Sistema Único de Saúde, o SUS, no Amazonas, realizada na clínica Sensumed Oncologia, em parceria com a Fundação Centro de Controle de Oncologia – FCECON, no último mês de abril, tratou um tumor benigno de base de crânio, um schwannoma de nervo acessório. Um tumor raro de dificílimo acesso cirúrgico, segundo Dr. Alfredo Reichl, radio-oncologista da clínica. 

Apesar do nome, explica o especialista, a radiocirurgia não envolve cirurgia. “A radiação é aplicada externamente, sem abrir o crânio, sem internação, em uma só sessão, que dura de duas a quatro horas em média”, frisa. E acrescenta que, em muitos casos, a radiocirurgia pode substituir a neurocirurgia aberta convencional, diminuindo os custos do procedimento (internação, anestesia, UTI), diminuindo as chances de efeitos colaterais associados à cirurgia e liberando o paciente mais cedo do ambiente hospitalar. 

“Com a radiocirurgia, muitas células do tumor cerebral não são destruídas imediatamente, ocorre de fato um dano irreparável ao DNA dessas células irradiadas causando, assim, a impossibilidade definitiva de multiplicação celular, o que com o passar do tempo causa a morte celular”, esclarece Dr. Reichl, que integra a equipe multidisciplinar de radioterapia da Sensumed Oncologia.

A radiocirurgia é um procedimento que exige alta precisão na localização do alvo a ser irradiado, enfatiza o médico, bem como no posicionamento e imobilização do paciente. Especialistas em Física Médica compõem a equipe multidisciplinar, responsáveis pela análise e definição da dose de radiação aplicada na área tratada. “Para isso, um anel metálico (estereotáxico) é fixado externamente ao crânio, oferecendo referências espaciais de fácil identificação e que permitem exatidão no direcionamento dos feixes de radiação”, detalha Dr. Alfredo. Nos casos em que a radiocirurgia é aplicada em múltiplas sessões, ressalta, o arco não é fixado diretamente ao crânio do paciente, mas preso a uma máscara, colocada apenas durante os procedimentos.

O radio-oncologista explica que, dentre as doenças tratadas com essa técnica, as metástases cerebrais são as que possuem indicação mais precisa, onde a radiocirurgia confere um ótimo controle do tumor, com mínima lesão do cérebro sadio, em lesões de até quatro centímetros de diâmetro. “Mesmo os pacientes que apresentem doenças que configuram risco elevado para uma operação convencional, como as cardíacas ou as pulmonares, ou usam medicamentos anticoagulantes, podem ser submetidos à radiocirurgia”, pontua o médico.

Inúmeros outros tumores benignos e malignos podem ser tratados, adianta o especialista. “Condições vasculares, como as malformações arteriovenosas (MAV´s), possuem indicações precisas para tratamento com radiocirurgia com boas chances de cura”, afirma. E acrescenta que alguns tumores benignos também possuem uma alta taxa de cura com essa técnica: “Os schwannomas vestibulares (neurinomas do nervo acústico), meningiomas e adenomas de hipófise são os exemplos mais comuns”, enfatiza Dr. Alfredo Reichl.

O diretor clínico e coordenador da radioterapia da Sensumed Oncologia, o radio-oncologista Dr. André Campana, destaca os benefícios da radiocirurgia de tumores benignos e malignos, uma modalidade da radioterapia, a partir da precisão de uma dose muito elevada de radiação em uma pequena área com margem milimétrica, sem cortes, sem pontos e sem necessidade de recuperação pós- cirúrgica, realizada em até cinco sessões. E enfatiza que o procedimento realizado pelo SUS, com a parceria da clínica Sensumed Oncologia e FCECON, foi um grande marco na radioterapia do Amazonas.

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