Paralelamente à crise nas unidades de saúde, que não dispõem de oxigênio suficiente para atender à demanda, que aumentou mais de 500%, um outro drama vem sendo registrado em Manaus nos últimos dias. Pessoas que tratam pacientes em casa e precisam do produto fazem uma verdadeira “via crucis” de empresa em empresa, tentando encher cilindros que servem não apenas a quem se contaminou com a Covid-19, mas também portadores de outras doenças e comorbidades.

Ontem mesmo o jornalista Roberto Cabrini, que virou uma espécie de celebridade em Manaus depois que realizou reportagens mostrando os problemas que a pandemia causou na cidade para o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), foi à empresa Carbox tentar intermediar um acordo para que diversas pessoas que ali estavam fossem atendidas e tivessem seus cilindros abastecidos. O sócio Marcelo Dutra o atendeu e encaminhou a solução.

É uma exceção em meio ao que ocorre em vários pontos de Manaus. A empresa Fênix, por exemplo, funcionava no bairro Alvorada enchendo cilindros, mas teve um carregamento apreendido, o que comprometeu o atendimento. A Polícia disse que não foi comprovada a procedência da carga.

Essa busca por oxigênio tem obrigado muita gente a peregrinar por empresas que vendem o produto, fazendo também com que passem a noite ou cheguem de madrugada, na tentativa de abastecer seus cilindros. Mesmo assim, muitos não estão conseguindo e o desespero começa a surgir.

A crise revelou que o número de doentes se tratando em casa é muito maior do que se supunha e para elas ainda não existe um programa oficial. Além disso, os preços subiram muito, o que revela outra face cruel da crise: a exploração comercial. E ainda existe um grande risco de contaminação, por conta da aglomeração que se forma em frente dessas empresas.

O deputado federal José Ricardo (PT) decidiu entrar com uma representação no Ministério Público solicitando que seja exigido do Estado que elabore um programa para atender também a quem precisa de oxigênio para tratamento residencial.