“A aptidão do amazonense para a luta está no gene”, diz Wanderley Silva

BELO HORIZONTE, BRAZIL - JUNE 20:   Wanderlei Silva works out for the fans and media during the UFC 147 open workouts at Praca da Estacao on June 20, 2012 in Belo Horizonte, Brazil.  (Photo by Josh Hedges/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images)

Por Paulo Ricardo Oliveira, de São Paulo – Enquanto não volta propriamente à peleja com os punhos, Wanderlei Silva, 39, o Cachorro Louco, tem usado o You Tube e as redes sociais como principais instrumentos de trabalho. Deve inaugurar em breve no You Tube o Wand Life, espécie de reality show da vida em família, além de dois outros canais na mesma plataforma, um para descobrir novos talentos do MMA e outro para valorizar o trabalho social levado a cabo por professores e alunos graduados pelo Brasil afora.

“Nós vamos buscar e testar os novos talentos nas centenas de academias espalhadas pelo Brasil, que é um celeiro de bons lutadores. Ai vai ter o quadro que é um ‘peguinha’ com o Wand, né? (Risos). Temos que testar os caras. Outro foco nosso é valorizar o trabalho social feito pelos professores e alunos graduados. Há belíssimos projetos pelo país inteiro, onde se forma não somente bons lutadores, mas cidadãos. Eu acredito que o esporte educa, disciplina”, revela Wand, que assinou contratos com o Bellator, concorrente do UFC, e também com o Rizin Fighting Federation, administrado pelo mesmo grupo do extinto Pride, no Japão, onde o curitibano reinou absoluto por um bom tempo, chegando a ser herói nacional e lotar as arenas com mais de cem mil pessoas.

Mas os tempos são outros. Wand não é mais o herói nacional de outrora e luta contra o peso da idade e as lesões para ainda tentar sobreviver do que ele sabe fazer como ninguém: trocar pancadas com os oponente.  Ele tem duelo marcado no Bellator contra Kimbo Slice, atleta dos primórdios do UFC. A luta ainda será marcada, porque o Cachorro Louco está não está cem por cento recuperado das cirurgias no joelho esquerdo e no ombro direito para corrigir lesões ocasionadas por um atropelamento enquanto pedalava após um treino em Curitiba. “Foi um acidente de médio para grave. Tive sorte de estar vivo. Vejo agora a prefeitura de Curitiba inaugurar ciclovias e ciclofaixas, mas ainda muito tímido. Onde eu moro, por exemplo, não há vias para ciclistas. Quem quiser pedalar, tem que compartilhar o espaço com carros e caminhões na BR”, critica o lutador, que tem sido bastante severo nas redes sociais contra a política no Brasil e na capital do Paraná, para onde voltou com a família após 12 anos de vida boa e fama em Las Vegas (EUA).

“Estava na hora de voltar. Eu vivia bem porque, mesmo dois anos sem lutar e ganhar nada, sempre guardei dinheiro. Mas o Brasil estava mergulhado num caos. Não podia ser omisso. Na minha cidade, por outro lado, um festival de incompetência do prefeito (Gustavo Fruet, do PDT), dos vereadores. Não compactuo com isso”. Wand, porém não assume candidatura a vereador nem apoio a nenhum pré-candidato a prefeito.

Wand afirmou no seu programa de caça-talentos no You Tube pode incluir Manaus no roteiro. O ex-campeão do Pride relembra da ida à capital amazonense quando foi convidado especial de uma das edições locais do Jungle Fight. “Eu adorei a cidade. Não esperava encontrar um povo tão amistoso. Conheci as cachoeiras de Presidente Figueiredo, visitei outros pontos turísticos belíssimos. Mas o que vocês têm de melhor são as pessoas. O amazonense é realmente um povo muito receptivo. Ganhei uma caixa de balas de cupuaçu. Bah, que delícia!”, diz o curitibano destacando, também, a genética privilegiada dos amazonenses  para as artes maciais. “A aptidão dos amazonenses para as lutas está no gene. Vejam o tamanho das mãos do José Aldo e do Ronaldo Jacaré. È chumbo grosso para cima dos adversários (Risos). São lutadores fantásticos. Mas por trás deles há muitos talentos que ainda irão despontar”.

Sobre as perdas dos cinturões de Fabrício Werdum, José Aldo e, mais recente, Rafael dos Anjos, respectivamente das categorias pesado, pena e leve, o Cachorro Louco afirma que foi acidente de percurso. “O que esses caras merecem é oportunidade é reconquistarem seus títulos. Tem dia que, mesmo lutando bem, a gente perde. Faz parte da luta. Tenho certeza que o Brasil vai reaver seu domínio no MMA mundial”.

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