Sérgio Moro foi aos três presídios onde ocorreram os massacres e anunciou parceria com o Estado

Depois de reuniões reservadas com o governador Wilson Lima (PSC) e com o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), o ministro Sergio Moro visitou, no início da tarde de ontem, unidades prisionais do estado que ficam na BR-174. Ele conheceu parte da estrutura do Instituto Penal Antônio Trindade (IPAT), do Centro de Detenção Provisória Masculino II e do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), unidades onde morreram 55 detentos em conflitos entre facções há duas semanas.

No CDPM II, a comitiva do ministro inaugurarou uma oficina de refrigeração que vai oferecer aos detentos curso de instalação e manutenção de condicionadores de ar. Inicialmente, 15 detentos participam das atividades. São eles quem fazem a manutenção do sistema de ar condicionado da área administrativa da unidade.

Já no Compaj, o ministro e o governador inauguraram uma panificadora, resultado de uma parceria do Governo do Estado com a iniciativa privada e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Ela foi equipada com fornos e outros materiais de panificação e tem capacidade para fabricar 12 mil pães por dia. Ao todo, 60 detentos participarão dos cursos de padeiro e confeitaria, que serão divididos em aulas práticas e teóricas. Ainda no Compaj, o ministro conheceu a fábrica de chinelos instalada no local, onde são produzidos, em média, 200 chinelos por dia.

“Até janeiro deste ano, não havia no Estado do Amazonas ressocialização por trabalho. Em cinco meses nós saímos de zero para mais de mil detentos trabalhando. A fábrica de chinelos, a padaria, são oportunidades para que eles aprendam uma nova atividade e possam recomeçar”, afirmou o governador.

No Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM) 2, o ministro da Justiça e Segurança Pública visitou a horta, cujo trabalho é tocado por detentos e conversou com a tropa do Grupo de Intervenção Penitenciária (GIP), que agiu rapidamente durante a briga de facções e conseguiu controlar tudo em menos de 45 minutos. O tempo de resposta foi de apenas 3 minutos.

“Meus parabéns pelo trabalho. Espero que não sejam mais acionados por esse motivo. Mas, se forem, acredito que está em boas mãos essa tarefa. Minhas congratulações”, disse o ministro ao se despedir.

COOPERAÇÃO

“Firmei compromisso com apoio do Governo Federal, no sentido de construirmos uma força, uma ajuda para garantir o patrulhamento da fronteira, entendendo que a gente tem uma dificuldade muito grande, dada a enorme extensão territorial do Estado. Também pedi um compromisso de que, todas as vezes que fossem aportados projetos para o sistema prisional do Estado do Amazonas, fosse feito com a ajuda dos nossos técnicos e especialistas, entendendo a dificuldade e a regionalidade do Amazonas”, afirmou Wilson Lima.

O governador afirmou que a vinda do ministro a Manaus é emblemática no momento em que o Estado enfrenta as consequências de 55 mortes ocorridas no mês de maio, após brigas de grupos criminosos em unidades prisionais da capital amazonense.

“Agradeço ao Governo Federal pelo apoio que tem nos dado, no momento em que mandou a força-tarefa para fazer essa colaboração e a troca de informações. E também no momento em que abriu vagas para as transferências desses presos que participaram e planejaram, de alguma forma, das mortes no sistema prisional, além da prorrogação da permanência da Força Nacional no Amazonas”, destacou o governador.

Wilson Lima destacou as providências tomadas pelo atual Governo em cinco meses de gestão, que incluem o reforço nas revistas e controle da segurança do sistema penitenciário e as audiências judiciais por videoconferências dentro das próprias unidades prisionais. “Há ações que estão sendo tomadas desde o início do governo, entre elas, a criação do Grupo de Intervenção Prisional, que agiu rapidamente quando aconteceram os primeiros episódios e a gente dá sequência a este trabalho que está sendo realizado. Há uma força-tarefa do Governo Federal aqui no Estado do Amazonas e nós estamos utilizando a expertise desses homens que vieram de outros estados para que nós possamos preparar e ampliar esse grupo para que a gente torne cada vez mais eficiente a nossa resposta”, completou Wilson Lima.

FOTO: MAURILIO RODRIGUES

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