45 de jogo + 5 de acréscimo = 50, fim do Primeiro tempo.

Por Ricardo Gomes*
Claro, poderia ser um jogo de futebol, mas é meio século de vida, também um “jogo”, e melhor: estamos indo ao vestiário sem um placar adverso, como diria Neném Prancha  ” O Primeiro mandamento deveria ser : …e não tomarás gol”.

Sentadinho aqui do lado da minha Alice, pensando muito, revejo cada minuto (ano) desse “primeiro tempo”,  cada jogador (personagem) do meu time (vida), cada falta que sofri, e foram várias, por gosto do ataque; mas, pondero que também dei os meus dribles, fiz meus gols, tabelei com bons companheiros e prefiro me concentrar nos melhores momentos.
Tive uma técnica que privilegiava o talento, o trabalho e o jogo bonito, se fosse profissional, certamente seria Telê Santana ou Rinus Michel, pena que saiu aos 18, o “presidente da federação” convocou…inapelável, mas a “pré-temporada” foi ótima,  lá em Campo Grande/RJ, fomos até Campeões da Taça de Prata… e ainda cresci vendo Coutinho montar o maior escrete que vi jogar, e, de quebra, cresci ao lado do Bangú, finalista do Brasileiro, em 1985, quando eu estava no QM, da minha querida briosa, cantando “Viva MARINHA“, correndo, as 6:30h, com mais 450 irmãos (campanhas)… um timaço, de onde trago meu Irmão Lima (SO-PL/ RRM) há 32 anos, e tantas histórias e exemplos de “combatentes”, admiráveis, onde “joguei”, por mais de uma década e meia, onde aprendi demais, por todo litoral, em todos os cursos e 7 Graduações, realmente uma seleção.
Olho para as imagens desse “jogo” e vejo o tempo jogado na Região Norte, com personagens encantadores como Falabella, meu eterno Diretor, Fernandão, meu amigo Hiel, meus irmãos da Pneu Forte, Rogério e Belmiro, o meio campo cerebral do IDAAM, Daniel Fregapani, nossa, realmente foi um primeiro tempo em que nenhuma jogada mais dura conseguiria tirar o brilho, sensação de perceber o privilégio que é “jogar” (viver), num excelente nível, com uma equipe técnica que nem o Barcelona tem.
Agora é só baixar a adrenalina, olhar para o “banco”, valorizar a “prata da casa“, (família) digo, as “meninas”,  afinal não é só o Iranduba que tem uma seleção feminina, por que, como dito, eu, literalmente, fui preparado por uma “técnica”, que no jargão boleiro, chama de “professor” (a), e tive o privilégio de ser contemplado com “meninas”, que se não me passam a “estratégia do jogo”, (e várias vezes cornetam), de todas as formas me incentivam, me animam, me inspiram e me motivam demais, diria mesmo que nem o Super Bowl tem animadoras melhor.
Segundo tempo ? É simples: jamais recuar, marcar desde a saída de bola, e jogar o futebol total, solidariamente com toda a a equipe, (viver é plural) com ou sem bola, com a mesma plasticidade e inteligência de cada jogada, afinal, não abrimos mão da ousadia e  do improviso que faz com que craques sejam imprevisíveis, por isso a dificuldade de serem marcados, e nem renunciamos à qualidade do futebol arte. Não foi isso o que nos manteve no “campeonato” da vida ? Bola pra frente, ou como diria Joao Saldanha: vida que segue.
Ricardo Gomes, Peladeiro sem menisco, feliz com seu “time” e por poder voltar para o segundo tempo, querendo jogar mais 50 (fominha mesmo).
*O autor é advogado, consultor e professor universitário