Velha Itália 

Por Ronaldo Derzy Amazonas*

Depois de um giro de vinte dias circulando de carro e trem entre o centro, nordeste, sul e norte da Itália ficaram em mim retidos um misto de encanto e decepção em meio a pontos negativos e positivos sobre o povo, seus vícios e costumes, a culinária, a mobilidade, as paisagens e o custo  de vida desse país europeu. 

Primeiro má impressão: o tabagismo na Itália é avassalador entre jovens, adultos e idosos e, embora o custo de uma carteira de cigarro equivalha pelo menos a dez quilos de arroz no Brasil, nada parece desestimular esse vício cujas bancas de jornal, tabacarias, restaurantes e bares expõem de maneira mais que explicita as dezenas de marcas de cigarros os quais são oferecidos a tantos quantos se sujeitam a pagar caro para sustentar esse malsinado hábito.

Segunda péssima impressão: o povo italiano com raras excessões é pedante, mal educado e grosseiro com o turista mormente se este não souber se pronunciar na sua língua. Taxistas mal humorados e mal vestidos na maioria das vezes exalando o típico odor da nicotina às vezes também impregnado no interior do veículo; garçons e atendentes, lojistas e vendedores quando italianos da gema competem em grosseria com os taxistas.

A mobilidade urbana um ponto positivo, nos centros mais desenvolvidos, privilegia o transporte público(trens, metrôs, ônibus) e o uso de motocicletas e bicicletas, restringido ao máximo os espaços para estacionamento a fim de desestimular o uso de carros de passeio. Mesmo nas cidades menores, para um viajante estacionar um veículo particular é tarefa das mais difíceis o que só é permitido para os moradores locais.

O custo de vida é muito caro; uma garrafa de  água mineral pequena custa o equivalente a cinco reais; uma cerveja algo em torno de quinze reais; almoçar ou jantar (num cardápio que inclui obrigatoriamente massas e derivados) não sai por menos de cem reais por pessoa.

Uma vastíssima rede hoteleira oferece ao turista uma gama imensa de opções que vai desde hotéis classificados até albergues e casas denominadas de cama e café da manhã porém, com preços variados e atendimento que deixa muito a desejar.

Ponto triste e que confere uma avaliação pra lá de negativa no país dos césares, é a presença constante, mormente nas cidades maiores, de pedintes quase sempre originários do leste europeu, da África e da Ásia.

As estradas, divididas entre federais, provinciais e municipais, em excelente estado, bem sinalizadas porém, com cobrança e pedágios caros; o custo de combustível é elevadíssimo com o litro da gasolina custando próximo de sete reais.

A culinária italiana, uma das mais apreciadas do mundo, se baseia nas massas, nos queijos, verduras e frutas porém, sem muita proteína animal; comer na Itália custa caro e vc paga até para se sentar na mesa num bar ou restaurante.

Visitar os pontos turísticos com seus monumentos, museus, igrejas e castelos, custa muito caro e é extremamente demorado.

A segurança é um ponto especialmente positivo tendo em vista que assim como muitos outros países europeus, o exército é quem domina, inibe e impõe respeito por causa do constante medo de ataques terroristas principalmente próximo aos pontos turísticos mais visitados.

Outro ponto especialmente positivo é a belíssima paisagem ao longo das estradas com vastos campos de plantação de trigo, uvas e milho em meio a montanhas, colinas e bosques de encher os olhos.

Essas são minhas sinceras e honestas impressões sobre a Itália que recomendaria, sem problemas, que continuasse a ser visitada como o fazem milhões de turistas anualmente.

Té logo!

E.T. A nota mais importante dessa viagem foi ter comemorado meus sessenta anos de existência e, no dia do meu niver, ter recebido a mais linda e emocionante notícia de que minha netinha Malu veio ao mundo.

*O autor é farmacêutico e empresário