Troca sem mudança

Por Ronaldo Derzy Amazonas*

Sou um conservador convicto, um cristão católico de raiz, homem de família que cultiva os valores morais e éticos no dia a dia e que pensa a cidadania como algo absolutamente vital para a construção de uma nação próspera, politicamente correta e socialmente justa.
Assisti e participei ativamente de um processo de mudança radical porque passou recentemente o Brasil e que culminou com a renovação de mais da metade do congresso nacional e a eleição de um presidente de direita alinhado com o liberalismo onde a intervenção do executivo na economia deve ser a menor possível e onde o estado seja do tamanho mínimo para que seu gigantismo não redunde em gastos públicos desnecessários.

Decorridos dez meses das posses do novo presidente e dos parlamentares federais e obviamente das vãs promessas, o que assistimos é que, apesar das trocas, não há o menor sinal de mudança, ou seja, nem sempre a permuta dos atores significa necessariamente que os atos e fatos haverão de sofrer alterações.

Como um país pode dar certo se o Presidente da República manda muito mal no seu quintal, se o Congresso Nacional manda no Presidente e onde o STF manda em ambos num cenário de vaidades exacerbadas e superposição de mandos?

Com essa salada indigesta que alguns insistem em chamar de harmonia entre os poderes mas que prefiro denominar de esculhambação democrática, o nosso país vive uma paralisia política, jurídico/institucional, econômica e social.

Pra piorar, temos ainda no parlamento direita, esquerda, centrão, sociais democratas, liberais, radicais, independentes, bancadas dos evangélicos, ruralistas, da bala, das empreiteiras, sindical, saúde, LGBT e direitos humanos, onde cada grupo age de maneira organizada, corporativa e independentes entre si num verdadeiro caleidoscópio político que trava os avanços e segura a aprovação de leis, projetos e alterações constitucionais das quais o país precisa para retomar o crescimento.

Não sei onde vamos parar mas sei aonde não vamos chegar com tanto divisionismo, vaidades e caprichos de parte a parte e que impedem que a modernização se instale, que haja aumento de confiança internacional  com entrada dos investimentos estrangeiros para que saiamos desse quadro horroroso de desemprego e de incertezas econômicas.

Pra mim o Congresso Nacional é a síntese da velha e carcomida política apesar da eleição de tanta gente nova mas, devo confessar, que de todas as decepções às quais tenho assistido sem dúvida alguma está relacionada à figura de Bolsonaro notadamente com relação às suas recalcitrâncias e fragilidades políticas, sua clara tentativa de intervenção na PGR, sua insistência em manter ministros atolados em escândalos, as claras obstruções com relação ao caso do seu filho no famoso episódio Queiroz, a teimosia em impor um outro filho na embaixada americana, a fritura de ministros como Sérgio Moro e Paulo  Guedes dois dos mais preparados e necessários quadros do primeiro escalão do governo, sua persistência em se manter num partido atolado em corrupção eleitoral, sua inabilidade em lhe dar com os presidentes da Câmara e do Senado duas víboras políticas, entre outras debilidades.

Como reflexão paro por aqui mas, mantenho-me incomodado pela situação presente, e haverei de continuar a meter o meu bedelho e enfiar o dedo nessas feridas que teimam em não cicatrizar ante tanta mesmice e tantas idas e vindas sobre temas os quais já devíamos de ter superado e amadurecido a fim de retomarmos o crescimento econômico e a paz social.

É fato que somos ainda uma jovem nação e apenas uma tenra democracia mas, a lentidão nos avanços, irritam qualquer cidadão que não suporta mais que a corrupção na política, no judiciário e no executivo teimem em resistir infelicitando toda uma nação.

De uma coisa porém não arredarei o pé enquanto eleitor e cidadão brasileiro consciente for: PT e esquerda nunca mais! porque só estamos onde chegamos em termos de desarranjo na economia, desvios sociais e comportamentais, corrupção desenfreada e desmandos políticos, é por obra e graça de um partido e de uma facção política  viciada, velhaca e envelhecida que nosso país não merece mais retornar às trevas que nestes atores tiveram gênese.

Só me resta acreditar de fato que, estando Deus acima de tudo e de todos, um dia haveremos de trocar os políticos para que as mudanças verdadeiras e definitivas cheguem. Oremos!

Té logo!

*O autor é farmacêutico bioquímico e diretor-presidente da Fundação Hospital Alfredo da Matta