Todo cuidado ainda é pouco

Como o previsto pela velha experiência da capital do mormaço – como diria o escritor amazonense Márcio Souza -, a reabertura do comércio não essencial de Manaus, neste dia 1º de junho, levou multidões às ruas, especialmente do Centro. Lugar que, por pouco mais de 70 dias – desde 23 de março -, viveu um quase silêncio mórbido por determinação do Estado, voltou hoje bem próximo dos movimentos de datas comerciais, como nas festas de fim de ano.

Ao mesmo tempo em que essa iniciativa de reabertura do comércio, com consumidores indo às compras, reacende a esperança de retomada da economia – muito afetada pela crise criada pelo novo coronavírus (Covid-19) -, as aglomerações de consumidores criadas nesse movimento nos preocupa muito, em razão das expectativas científicas quanto a uma possível segunda onda de contaminação e óbitos causadas pelo vírus.

Em meio à esperança econômica e às preocupações quanto à contenção da Covid-19, é
importante somar as forças dos dois sentimentos e reforçar, desse modo, todos os protocolos de segurança até aqui estipulados pelas autoridades de saúde. Se essa consciência estiver forte entre todos os pequenos, médios e grandes empresários do comércio, eu acredito que a nossa cidade de Manaus conseguirá manter a queda na curva de casos do novo coronavírus. Do contrário, o silêncio terá de voltar às ruas do nosso tradicional centro comercial.

Até esse último dia de maio, domingo (31), o Amazonas registrou 818 novos casos. Chegou ao total de 41.378 de casos confirmados de Covid-19, com 2.052 óbitos, de acordo com os dados epidemiológicos da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM). Nesse mesmo domingo, a Prefeitura de Manaus registrou 33 sepultamentos nos cemitérios públicos e 14 nos privados. Ainda que muito doloroso para todas as famílias, o número, já muito menor em relação ao pico da pandemia, quando, no final de abril, os enterros chegaram a mais de 140 por dia.

Mesmo diante dos novos percentuais da pandemia no Amazonas, não é hora de achar que tudo está normal. Não é hora de brincar de se esquecer dos cuidados como o de lavar as mãos para manter a higienização e, como empresa do comércio ou de serviços, é necessário manter a verificação da temperatura e a disponibilização de álcool em gel. Entre as estratégias, vale até mesmo distribuir máscaras aos clientes que se esquecerem dessa proteção.

É muito importante entendermos que, sem vacina comprovada e aprovada pelos especialistas e autoridades de saúde, o risco ainda é tão grande quanto no começo da expansão da contaminação. Nós perdemos muita gente querida em meio à maior crise sanitária da nossa história, entre familiares e amigos. Portanto, nesse retorno de um setor tão importante como é o comércio, vale enfatizar que nesse primeiro ciclo, todo cuidado ainda é pouco para a proteção dos funcionários e dos clientes.

*O autor foi deputado estadual da 15ª a 17ª legislatura, governador do Amazonas em 2017 e é o atual presidente estadual do partido Avante no Amazonas

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