Stan Lee e o Circo du Soleil no Amazonas

Por Ricardo Gomes*
Com certeza, pelo discurso, as eleições 2018, se forem vistos nos Estados Unidos e Canadá, vão atrair esses magos do entretenimento, pois começam a se confirmar, conforme as prévias, que teremos super-heróis e artistas concorrendo ao pleito de Outubro.

Surfando na onda das lava-jatos da vida e do estado policialesco que tomou conta do país, temos a sensação de que pseudos-justiceiros são a solução para todos os males, independente de terem ou não conhecimento técnico e experiência prática na gestão da coisa pública.
Perigoso demais não se refletir que há ideologias facistas bem disfarçadas, pregando um discurso de nacionalismo e pinçando palavras de ordem para guiar a manada, que na pressão do curral sem espaço, costuma caminhar para a primeira portinha onde o “líder” (?) entra. Perigoso é quem (realmente) é essa liderança, considerando outros “exemplos” de líderes, como um Austriaco nacionalista, no século passado.
Particularmente aflora meu ceticismo quando vejo surgirem discursos de “novo”, “mudança”, “outros valores”, e principalmente os que pregam “desligamentos do modelo político atual”, pois não se chegou até aqui, do nada, por acaso, e os personagens que aí estão, gostem ou não, tem uma história em paralelo e dentro da autoria de tudo que está construído .
Rupturas radicais, personagens com “100% de virtudes”, são situações impossíveis de serem concebidas, na prática, em um movimento Democrático, fora da transição paulatina, efetivamente não existem.
Há sim uma necessidade de oxigenar a política, em todos os cargos; e, principalmente, de enxugamento da máquina administrativa, com redução drástica no número de Secretarias e de órgãos de segundo, terceiro e quarto graus, que sempre foram apenas cabides de empregos para acomodarem “aliados” e apoiadores políticos, mas que, em tempos de escassez de verbas, da necessidade de termos uma prestação de serviços públicos eficientes aos cidadãos; o Orçamento público não poderia comprometer mais de 35% com pessoal, e é assim na esmagadora maioria das melhores gestões, caso contrário, certamente faltará recursos; é irracional a má qualidade dos gastos públicos com custo fixo da infra-estrutura, em pleno século XXI, o estado do Amazonas, por exemplo, gasta milhões com energia elétrica, e não tem um Plano de Eficiência Energética para prédios públicos, que trabalhe com a redução de custos com a adoção da energia solar, que poderia reduzir esse custo, pela metade; as frotas de veículos que são do Estado, dono da CIGAS, terceirizadas não, gastam milhões com diesel e gasolina, e não usam gás natural, que economizaria, pelo menos 25% desse custo, segundo pesquisadores; Não há aproveitamento de água de re-uso; não há plano de inserir fossas biológicas e Estações de tratamento de esgoto nos prédios públicos; e tudo isso há décadas poderia já ter começado; poderia ter se tornado obrigatório; para que em 30 anos estivéssemos noutro patamar de eficiência com significativa redução de custos, fazendo assim, uma economia de verbas públicas, que já poderia estar sendo redirecionada para outras finalidades; enfim, temos uma máquina estatal pilotada com absoluta incoerência, desde sempre, onde NINGUÉM, nem nos Planos de Governo, acenou com a menor das possibilidades de se comprometer em, pelo menos, iniciar um estudo de racionalidade nos gastos públicos com o custo da máquina administrativa, ou, como dizem os mais antigosFazer o dever de casa.
Nota-se que os novos candidatos, na verdade, são velhos em seus discursos, com críticas ao modelo existente e personagens atuais, mas sem explicar como fazer essa transição para um modelo ideal, simplesmente por que nunca enxergaram adequadamente o funcionamentomento do Estado, com 3 Poderes; com prioridades esquecidas ou invertidas; com necessidades para dar uma guinada segura, caso contrário, a carga mais preciosa (pessoas) vai correr risco de quebrar; ou seja: planejarexecutarcontrolar e seguir, diariamente, reajustando a máquina pública, seja como Legislativo: atento às necessidades de contextualizar o Estado conforme as necessidades da Sociedade, regulamentando as condutas e fiscalizando, não só ao Poder Executivo, mas à todo funcionamento da máquina pública, com independência verdadeira; sem deixar a boa fé e a boa vontade institucional, em nome do bem comum; seja como um Judiciário, realmente isento, impessoal e imparcial, para reorganizar a visão dos que, infelizmente, ocupam cargos e funções públicas e, infelizmente, todos os dias, principalmente no interior do Amazonas, confundem discricionariedade com arbitrariedade, sacrificando a saúde, a educação e a qualidade de vida de milhares de famílias, mas, acima de tudo para, efetivamente, zelar pelo uso, gozo e fruição da vida, pois, sem essas características, só viver por viver, sem expectativa não valeria a intenção do Criador; e
como Executivo, necessariamente rodeado das melhores assessorias, fundamentalmente em controle de prioridades coletivas, sempre que possível, pro-ativas, alicerçadas na prevenção, e perseguição permanente da redução de custos desnecessários, em todas as áreas, para que as rotinas como Saude, Educação, Seguranca, infraestrutura, saneamento, e serviços públicos concedidos existam, de maneira realmente adequados, sem interrupções e com a qualidade justa aos Cidadaos que, como contribuintes, pagam pelo que recebem.
Precisamos estar atentos não só às necessidades de mudança, que realmente existem e são fundamentais, mas essa mudança passa, necessariamente, muito mais pela atualização do modelo de gestão, do que pela simples troca de pessoas.
Mudar para colocar novos personagens, com as mesmas ideias, com o mesmo ódio político, que faz “mudanças”, apenas de um pelo outro, é um cenário que já experimentamos, trocando o MALVADO, pelo CORDEIRO, que tinha um lobo com sangue de píton por baixo da pelagem branca, ou seja, sabemos que não dá certo.
Estamos atentos, e não nos permitimos mais distrações, que nos levem a MAUS CAMINHOS, que, literalmente, custam muito caro, e quando quisermos ver artistas e/ou heróis, certamente não será no cenário político, que precisa de pessoas com bom caráter, formação tecnica (de qualidade) e experiência administrativa, mas no Circo e no Cinema .
Boa diversão à todos .
*O autor é advogado e professor universitário (ricardoomes@ricardogomes.adv.br)