Segurem o Bozo!

Por Ronaldo Derzy Amazonas*

Vejo claríssimos sinais de fadiga política, moral, ética e administrativa no governo Bolsonaro. Isso ao se completar apenas um ano de um governo claudicante que se prometia diferente do que está aí, e de um Congresso Nacional (esse sim de quem nunca esperei nada de bom) ainda repleto de sanguessugas vorazes por meio das suas velhas e surradas maneiras do é dando que se recebe impondo um ritmo político e administrativo ao governo ao desfigurarem projetos de lei e reformas, atrasarem votações de medidas provisórias para caducarem, entre outras derrotas as quais, antes de atingirem o executivo ou a figura do presidente, relegam o país e a sociedade ao atraso.
Não posso deixar igualmente de creditar parcela da culpa ao poder judiciário notadamente aos impolutos ministros do STF os quais continuam a olhar para o país de costas e sentados nas suas indefectíveis poltronas cor de abóbora de onde mandam e desmandam ora monocraticamente ora em uníssono como donos da última palavra sobre assuntos de natureza moral, política e até constitucional. Oremos!

Não quero com isso justificar ou transferir a culpa pelo momento ruim do governo a outros atores porém, que fique bem claro, que a sonhada tripartição de poder vivendo em perfeita harmonia e independência, só funciona mesmo na cabeça dos sonháticos de plantão.

A possível nomeação da velha atriz e ex namoradinha do Brasil Regina Duarte para a cadeira da cultura federal é um desses sinais de claudicância do presidente e, já antecipo, que não vai dar certo porque a global senhora nem esquentará a cadeira de secretária pelo simples motivo de que será severa e impiedosamente patrulhada tanto pelo núcleo do poder executivo quanto pela classe artística passando pelos ideólogos de esquerda que cobrarão da moça uma rotação de 360 graus no atual modelo de política cultural o que obviamente ela não terá peito para fazê-lo.

Mas a questão da pasta da cultura é apenas um dos temas que me levam a afirmar que o governo mergulha num mar de dificuldades morais, éticas e políticas. Senão vejamos: essa incurável irascibilidade do presidente, demonstrada ora no trato inábil com a imprensa ora se chocando com os membros mais expoentes do seu time de ministros, enfraquecem o governo, dão panos pras mangas aos adversários e muitas vezes paralisam o executivo em meio a querelas e futricas puxadas pelo próprio presidente que não tem o traquejo necessário ou não sabe controlar as emoções e a língua; outra: as indisfarçáveis manobras políticas, as conversas laterais, as designações de nomes para postos chaves e as visíveis mexidas no time para proteger o filho senador encalacrado com o caso Queiroz, são claros sinais de atuação idêntica à da velha política que ele tanto critica e combate.

Mas nem tudo são só lamentos ou críticas ao governo porque bem ou mal política e moralmente, o país avança economicamente quebrando recordes e retomando o crescimento porque, pelo menos nesse campo, Bolsonaro pouco se intrometeu e deixou a bola rolar pelas mãos habilidosas de uma equipe bem preparada sob o comando de Paulo Guedes.

Tomara que Nossa Senhora da Cabeça dê um chá de bússola ao Presidente da República e este pense menos, fale menos ainda e deixe quem sabe pensar e sabe falar na hora certa, agindo em nome do governo para que aquilo pelo que fomos convencidos a votar nele de fato prospere e se consolide.

Té logo!

*O autor é farmacêutico bioquímico e diretor-presidente da Fundação Hospital Alfredo da Matta