Reta final das campanhas

A campanha eleitoral está na fase em que o eleitor indeciso começa a definir os seus candidatos; é também o momento da desconstrução das imagens dos candidatos pelos adversários e de reforçar os discursos da experiência, da realização, da confiança e da inclusão social que estão embalando a maioria das campanhas na cidade de Manaus, numa disputa frenética para saber quais serão os postulantes que irão disputar o segundo turno.
Na regra tradicional, o marketing político trabalha a campanha eleitoral em três etapas. No início é a construção do personagem, que com requisitos tornam a candidata ou o candidato um produto “consumível” pelo eleitorado: homem ou mulher ideal e exemplar para convivência social e capaz de administrar a cidade. Um bom filho ou uma boa filha, um bom pai ou uma boa mãe responsável, uma pessoa de família modelo, afável, amigo ou uma amiga querida, um ser de fé, um trabalhador de conquistas e com formação técnica ou experiência profissional ou de vida para fazer e promover mudanças. Em alguns casos, a honestidade e competência são destacadas por pessoas amigas na condição de testemunhas.

Depois da construção do personagem, ele começa a propor ideias e soluções com afirmações contundentes, citando números e frases populares. Nessa fase, há uma união dos temas corriqueiros de campanha, como os de saúde, de educação, de saneamento, de empregos, de transporte coletivo, de coleta de lixo e de transparência, com a imagem construída do candidato e também com o discurso basilar da campanha, do tipo: a experiência, a confiança, o novo na política, o realizador, o parceiro ideal do presidente ou governo estadual e do municipal. Ainda nessa fase, a publicidade transforma a saúde, a educação e outros temas em produto da prateleira eleitoral: “saúde na sua casa”, “médico da família”, “um computador por aluno”, “professor feliz”.

A terceira etapa, já na reta final da campanha, é o período de reforço das qualidades do candidato, das propostas ou dos produtos da publicidade e da desconstrução das imagens dos adversários nos programas de televisão e de rádio, nas entrevistas, nas redes sociais e nos debates entre os postulantes ao cargo de prefeito. Tirando as fake news, que são crimes e devem ter a repulsa da sociedade, nessa etapa o eleitor acaba sabendo de fatos políticos e escândalos envolvendo os candidatos ou seus apoiadores. Nessa fase o mundo real da política vem à tona sem cores, mocinhos e heróis desaparecem. Ainda mais se a eleição estiver indefinida e a segunda posição bem concorrida, como acontece na cidade de Manaus.

Outra missão enorme de todos os candidatos nessa reta final, além de conquistar o voto dos indecisos, será motivar o eleitor a ir votar. Tem Covid-19, tem o temor da morte, tem o voto facultativo para o jovem com idade menor de 18 anos e para idoso com idade a partir de 70 anos, tem aplicativo oficial para justificar a ausência do eleitor no dia eleições e tem a decepção com os políticos. Isso tudo fortalece as abstenções, mas tem a esperança de um número expressivo de votantes, como aconteceu nas eleições americanas, que mostraram a grande participação dos eleitores, mesmo com a Covid-19 e sem obrigação de votar do sistema eleitoral nos EUA.

Os políticos, os partidos e os profissionais de marketing e de publicidade estão fazendo a parte deles. Construindo candidatos, imagens e produtos por meio de programas e promessas. Agora, cabe ao eleitor buscar informação verdadeira e votar com consciência cidadã, objetivando eleger vereadores e prefeitos compromissados com as mudanças necessárias para melhoria das condições de vida da população dos municípios do país.

*O autor é sociólogo, analista político e advogado.