Por José Ricardo Weddling*

Nestes últimos dias ouvimos falar muito sobre o assassinato do engenheiro Flávio Rodrigues, na residência de Alejandro Valeiko, filho da esposa do prefeito de Manaus Arthur Neto. E nas investigações da polícia descobriu-se o uso de veículo oficial e também a participação de um servidor da Casa Militar da Prefeitura.

Muitas pessoas perguntam sobre a responsabilidade do prefeito nessa situação, até porque ele defende com ênfase a inocência do enteado.

Entendo que o crime precisa ser elucidado e várias pessoas já foram presas. Os responsáveis pelos crimes, devidamente comprovado, devem ser levados à justiça.

Quanto ao uso indevido de patrimônio público, precisa ser apurado também. A Câmara Municipal já está solicitando informações.

O prefeito é responsável em administrar os recursos públicos municipais, com transparência e prestação de contas.

O prefeito tem que cuidar da cidade, dos bairros que estão abandonados, das ruas esburacadas e sem iluminação pública e dos muitos bueiros sem tampas que estão causando graves acidentes.

O saneamento básico também é de responsabilidade do prefeito.  Ainda falta água em várias comunidades e o tratamento de esgoto sanitário de Manaus é menor que 15%. Os resíduos sólidos, sem reciclagem, estão sendo jogados no lixão, poluindo os igarapés.

O prefeito é responsável pelas Unidades Básicas de Saúde, que hoje não atendem 50% da cidade. Muitos idosos não estão recebendo medicamentos e muitas mulheres deixando de fazer exames preventivos por falta de material.

Mais de um terço das escolas municipais estão em instalações precárias alugadas. E poucos espaços têm para atividades esportivas e culturais dos alunos.

A política de moradia é também de responsabilidade do prefeito. Mas nenhuma obra está em andamento, apesar de Manaus ter 129 mil famílias sem casa, segundo o IBGE.

O prefeito deveria cuidar do trânsito e do transporte público coletivo. Mas o que se vê é a falta de um plano de mobilidade urbana eficaz, e a mobilidade urbana piora a cada dia.

Cabe também ao prefeito usar os recursos da publicidade para campanhas de orientação e de prevenção para população. Mas já gastaram mais de R$ 80 milhões só este ano e não orientaram a população sobre as eleições para os conselhos tutelares, que teve pouca participação e denúncias de fraudes.

Assim, vamos cobrar as responsabilidades do prefeito de Manaus. E que este não atrapalhe as investigações da polícia.

*O autor é economista e deputado federal pelo PT