Reféns do Executivo

Por Dauro Braga*

No próximo pleito que será realizado no mês de outubro do corrente ano, surgirá uma excelente oportunidade para o eleitor esclarecido, aquele que utiliza o jornal como instrumento de informação, diferentemente do outro tipo que o utiliza como produto para higiene corporal, demonstrar o seu amor à Pátria e a seu Estado, utilizando seu voto como uma potente arma para dizimar da vida pública os maus políticos.

Pois bem, é esse eleitor esclarecido, que não é produto mal engendrado nas oficinas do Mobral, que tem a responsabilidade cívica de não só votar bem para corrigir os erros do passado, mas o de, também, orientar os cegos de cultura, aqueles que só aprenderam a escrever o nome, a escolherem os nossos governantes entre os candidatos que se apresentarem, àqueles que tiverem ficha limpa e forem os mais competentes.

Quanto à escolha de deputados e senadores, tarefa de extrema relevância, devemos executá-la deletando o nome dos políticos de carreira, aqueles cujo único propósito é ressuscitar no Brasil o regime de Capitanias Hereditárias, feudos constituídos do que eles chamam de currais eleitorais, gado cerrado, que eles usam como massa de manobra para as suas reeleições continuadas e para legarem às gerações sucedâneas esse patrimônio eleitoral, garantindo para si e sua prole a perpetuação no poder.

Esses abutres inescrupulosos, seres disformes gerados no útero da ignorância, conseguem sobreviver, porque o voto dos analfabetos é o alimento abundante que sacia a sua fome de poder. É preciso estar atento aos políticos de carreira, aos que estão comprometidos com alguns segmentos retrógrados da sociedade, aos que vendem a própria alma por menos de 33 dinheiros, e pelos falsos profetas, porque a sua reeleição continuada é consequência de acordos espúrios que são renovados constantemente, onde o escambo predominante é a troca do voto por favores e até mesmo dinheiro.

O parlamentar que utiliza esse tipo de procedimento não tem patrimônio moral que garanta a sua independência no exercício do mandato. É o chamado pau-mandado, é o vaca de presépio. Esse arremedo de ser humano, político forjado nas oficinas da subserviência e da corrupção, se encontra sempre curvado, porque o peso da sua consciência é muito maior que a capacidade da sua estrutura pode suportar. É esse parlamentar mal engendrado o grande responsável pela vergonhosa dependência em que se encontra o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais.

Não se tem conhecimento de que exista uma só casa legislativa em nosso país onde o poder seja exercido na sua plenitude, todas são reféns do Executivo.

*O autor é empresário (daurofbraga@hotmail.com)