Às vezes fico pensando se a vida é boa ou se nós confundimos tudo e deturpamos os acontecimentos diários ou, ainda, se depende somente de querermos chorar, sorrir, amar, dialogar e etc. O que realmente nos faz felizes? Como buscar essa tal felicidade? Precisamos de separações?
Cá com meus botões, fico imaginando como foi o transporte dos escravos da África para o Brasil. Vindos em navios, amontoados em condições desumanas, separados dos brancos, desnutridos, sem higiene onde a maioria morria no caminho e era jogada ao mar. Aqui na terrinha, eram obrigados a exercer o catolicismo, mas no cantinho escuro onde habitavam, tenho certeza que relembravam seus rituais religiosos, suas danças que nos deixaram como herança a capoeira. Será que tinham um pouquinho de felicidade? Pelo menos buscavam.
Isso já faz bastante tempo, mas já que estamos falando em África, vamos falar de situações mais recentes, ainda na nossa geração, como o Apartheid onde alguns brancos que se achavam mais importantes, disseram: pretos para lá e brancos para cá. Os não brancos tiveram suas terras tomadas, claro, havia muito ouro e diamante e ninguém era bobo de dividir tanta riqueza e nós, os brancos, decidiremos qual língua vocês irão utilizar nesse país e quanto de terra vocês tem direito. Virgem Maria, isso foi muito recente. E quem não concordasse? Podem pesquisar os horrores a que eram submetidos.
E onde entra a SEPARAÇÃO? Ah, ela entra na explicação que o desenvolvimento de separação por cor, fora projetado para a FELICIDADE, segurança e estabilidade de uma nação, isso é o que eles diziam. A felicidade era o bode expiatório para trazer felicidade aos negros. Nossa….quanta bondade.
Assisti a um filme recentemente chamado “ Um reino Unido”, onde um negro africano vai estudar em Londres e se apaixona por uma linda loira culta e inteligente, e como essa decisão provocou uma revolução inter racial entre os dois países. Essa é mais uma grande história real que vem nos mostrar que
independente da cor da pele o que importa é o amor apesar de tudo porque a vida é boa e precisamos dessa tal FELICIDADE.
Então, Por que tanta separação ?
Agora vamos relembrar um dos clássicos do cinema que foi Titanic, e lembrar como era a separação dentro do transatlântico onde ricos tinham cobertura, os pobres no porão e Di Caprio ( ator) teve o azar de ganhar uma passagem para viajar na inauguração do transatlântico, mas claro, ele viajou no porão. Para piorar a situação, ele ainda resolve se envolver com uma jovem linda e talentosa, de classe alta e a confusão se tornou evidente. Claro que isso tudo é ficção, mas acredito não ser preciso uma diferença de poder aquisitivo para o distanciamento entre as pessoas.
Somos classificados por classe e na vida prática somos separados por dinheiro, por educação, por cultura, ou por cor. Lembro que existia na escola as classes: A,B e C, onde a primeira era destinada aos mais inteligentes. Precisamos aprender a Não Separar.
Finalizando: “Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor de sua pele, da sua origem ou da sua religião. Para odiar, é preciso aprender. E, se podem aprender a odiar, as pessoas também podem aprender a amar” Nelson Mandela.
*A autora é mestre em Psicologia Social e Ouvidora da Fundação Alfredo da Matta
