Pesquisador do AM não recomenda o uso de cloroquina com azitromicina para combater Covid-19

O médico e pesquisador Marcos Lacerda, que coordena o estudo realizado há um mês no hospital Delphina Aziz, com pacientes em estado grave devido ao novo coronavírus (Covid-19), afirmou hoje, em entrevista coletiva on line, que não recomenda o uso da cloroquina em associação com a azitromicina, por entender que as duas drogas afetam diretamente o coração, causando arritmia cardíaca, o que pode causar a morte da pessoa. Ele garante que a pesquisa continua inclusive com outros anti inflamatórios potentes e disse esperar que os resultados cheguem logo, para evitar mais óbitos.

Lacerda também falou sobre o Tamiflu, outro medicamento bastante difundido no combate à Covid-19. Segundo ele, o remédio não funciona para a doença e sim para o vírus Influenza. “E ainda assim é bom para quem tem menos de 48 horas de doença. Se tem mais é muito baixa a influência. Não é aconselhável que outras pessoas usem Tamiflu, porque pode dar alterações cardíacas”, acrescentou.

Ele enfatizou que, em um quadro de infecção generalizada, como ocorre nos pacientes de Covid-19, qualquer medicação que interfira no batimento cardíaco deve ser evitada.

O pesquisador revelou ainda que a Associação Americana de Doenças Infecciosas  publicou um guia de tratamento para pacientes de Covid-19 em que recomenda, de forma muito enfática, que a cloroquina e a azitromicina só devem ser administrados em ambientes de pesquisa, com monitoramento de pesquisadores. “O uso como profilático (aquele comum, em que existe comprovação científica da eficácia) não é recomendável, porque que não há evidências de que corrija formas graves”.

“Na verdade estamos vendo isso na prática. Várias pessoas que estão chegando aos hospitais usando cloroquina têm a situação agravada. Cada dia mais acompanhamos na literatura médica que o uso da cloroquina não muda evolução para casos graves”, enfatizou Lacerda. Segundo ele, neste momento a ferramente que tem eficácia comprovada é o afastamento social. “Não há evidência no planeta de uma medicação ou vacina que evite a Covid-19”, acrescentou..

O pesquisador reconhece que existe uma pressão muito grande da sociedade para que se prescreva a cloroquina, “mas nós estamos desestimulando, até porque cardiologistas do mundo inteiro estão publicando estudos indicando que o uso da medicação pode ser tóxico para o coração, especialmente quando associada com azitromicina, que é um antibiótico que também pode dar arritmia cardíaca”.

A Fundação de Medicina Tropical do Amazonas e a Fundação Oswaldo Cruz foram pioneiras no estudo da aplicação da cloroquina no tratamento de pacientes de Covid-19. Lacerda explicou que a dose mais forte, que foi usada na China, já foi descartada e neste momento o estudo usa a dose menor. Um guia sobre o uso da droga foi escrito para o Ministério da Saúde. “Continuamos estudando para chegar a uma conclusão no mais curto espaço de tempo possível, para evitar mais mortes”, concluiu.

 

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