Pazuello sem máscara no Manauara: estratégia e abertura de precedente perigoso

A fotógrafa Jaqueline Bastos estava ontem à tarde no Manauara Shopping quando se deparou com o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, desfilando sem máscara. Impactada, ela registrou a imagem e o abordou, perguntando pelo acessório. Ele sorriu, perguntou onde comprava e continuou caminhando normalmente, sem ser incomodado por nenhum funcionário do estabelecimento. O fato está repercutindo muito na mídia e nas redes e revela tanto um precedente perigoso aberto pelo centro de compras quanto uma possível estratégia do militar para projetar a própria imagem, no melhor estilo Jair Bolsonaro.
O presidente da República, que foi obrigado a afastar o general do Ministério, mas não perde a chance de elogiar sua gestão, muito contestada pela maioria da população, adota a estratégia de impactar a opinião pública com declarações ou gestos polêmicos, que geram muita repercussão. Foi assim em sua passagem por Manaus na última sexta-feira (23), quando pegou no colo uma criança vestida com trajes militares e portando uma grande arma de brinquedo.
Pazuello conviveu de perto com Bolsonaro no último ano e meio. Percebeu como o chefe agia e foi um dos mais leais servidores do presidente na Esplanada dos Ministérios. Pode ter assimilado a personalidade. Por isso foi a um local de grande movimento sem máscara. Já tinha se encontrado antes, no café da manhã, com o coronel reformado Alfredo Menezes, ambos sem o acessório. Não foi um ato impensado.
Sondado para disputar o Governo do Amazonas, Pazuello, que tem família no Estado, mas nasceu no Rio de Janeiro, pode ter usado a estratégia de chamar atenção justamente da ala negacionista da população local, atraindo a fidelidade desse público para a empreitada.
Precedente
Por outro lado, o Manauara Shopping abriu um precedente perigoso ao admitir a entrada do ministro sem máscara. O estabelecimento divulgou nota confirmando que permitiu o acesso, mas que seus funcionários o orientaram a comprar o acessório.
Segundo Jaqueline Bastos, ele continuou circulando livremente por um tempo, depois de abordado por ela, e só colocou a máscara quando uma pessoa entregou um desses acessórios a ele. O general não chegou a se dirigir a nenhum quiosque ou loja para comprar a peça.

 

Qual Sua Opinião? Comente:

Deixe uma resposta