Por José Ricardo Weddling*
Neste mês será realizado em Roma o Sínodo para a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco. O evento ocorrerá no período de 6 a 27 de outubro, com a participação de 250 pessoas de nove países que integram a região Pan-Amazônica (Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Venezuela, Equador, Guiana, Guiana Francesa e Suriname).
Participam bispos desses países, mas também especialistas, auditores, padres, religiosas e convidados especiais. O Papa convidou cientistas, nomes ligados à Organização das Nações Unidas (ONU), representantes de igrejas evangélicas, de Ongs e povos indígenas.
O Brasil terá a maior delegação, com 118 pessoas, sendo 56 bispos da Região Amazônica.
A palavra Sínodo vem do grego e expressa a ideia de “caminhar junto”. O Sínodo é uma assembleia que ajuda o Papa a aconselhar e a encontrar soluções para as atividades da Igreja.
O Papa foi criticado pelo governo Bolsonaro, dizendo que o Sínodo estaria interferindo nas questões públicas, afetando a soberania nacional com as críticas à política ambiental desastrosa do Governo que favorece o desmatamento e as queimadas. No entanto, o Sínodo foi convocado pelo Papa em outubro de 2017, bem antes da eleição de Bolsonaro.
O tema do Sínodo é “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Discutir a atuação da Igreja na região. O tema está em sintonia com a Encíclica Laudato Si, lançada pelo Papa em 2015, tratando do Cuidado com a Casa Comum, enfatizando a necessidade de cuidarmos do meio ambiente e da ecologia integral.
E nesse sentido, a preparação do Sínodo foi realizado com quase 300 eventos (assembleias, fóruns, rodas de conversa), ouvindo a população e setores da Igreja e da sociedade. Muitas denúncias foram feitas sobre a falta de políticas públicas e as ameaças ao povo e ao meio ambiente por interesses econômicos predatórios na região.
“Quem está questionando são os povos amazônicos. O Sínodo vai dar voz a eles”, diz Dom Roque Paloschi, bispo de Porto Velho. Nessa “escuta” feita na preparação do Sínodo ouvindo “o clamor da terra e dos pobres”, tratou-se da destruição extrativista, da situação e ameaças aos povos indígenas, da migração, da urbanização e dos problemas das cidades, a corrupção, a saúde e a educação.
Certamente o Sínodo deve tratar do trabalho pastoral da Igreja, da falta de padres, de ordenação de pessoas casadas, do papel das mulheres, da organização interna da Igreja. Mas ficará na história e deverá ter muitas mudanças na atuação da Igreja na Amazônia. Esperamos que cada vez mais inserida na vida da população e na defesa dos direitos dos povos amazônicos.
Desejo boa sorte aos convidados do Amazonas que vão participar do Sínodo.
*O autor é economista e deputado federal pelo PT
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